1 de 1 Anatoliy Tkach, encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, concede entrevista - Metrópoles
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O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou, nesta quarta-feira (6/4), que as tropas militares russas “adotam uma estratégia de terrorismo” ao bombardear os civis ucranianos. A declaração foi feita durante participação do representante do país na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, que tem a pauta de semana dedicada a discutir os impactos do conflito no Leste Europeu.
Aos senadores, Tkach defendeu que a a Rússia se utiliza de “falsos pretextos” para justificar a conflito bélico entre o países, e que mais de 4,5 mil investigações contra o Kremlin sobre possíveis violações às leis de guerra estariam em curso neste momento. O representante do governo da Ucrânia lamentou a violência empregada pelos soldados.
“O dia 24 de fevereiro, quando começou a invasão em massa, virou um ponto de divisão em nossas vidas. Eu, pessoalmente, e muitos dos meus compatriotas percebem do mesmo jeito, acreditam que estes 42 dias são como uma eternidade, que divide uma vida cotidiana normal e os horrores de bombardeios, de mortes de civis. É um sonho de horror. Temos a esperança de que um dia acordaremos desse pesadelo, em paz”, disse.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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De acordo com o encarregado de negócios, as forças armadas da Rússia estão “sofrendo perdas pesadas” e enfrentam forte resistência dos ucranianos.
“Calculamos que, entre mortos e feridos, já são quase 19 mil soldados russos”, enfatizou. “Esses soldados, por onde passam, roubam civis e comboios militares e humanitários. O que não podem roubar, eles destroem. É isso que o governo russo chama de desmilitarização? Privar comida dos ucranianos”, completou.
Tkach aponta que a Rússia trata seus soldados como “buchas de canhões”. “Para encobrir as perdas, estão usando crematórios móveis e valas comuns. Os russos não querem a liberdade de seus soldados. Familiares de soldados presos são comunicados de que os militares foram mortos em combate”, narrou aos congressistas.