Rui Costa diz que PT pode apoiar outro partido para Presidência
Para governador da Bahia, se Lula não puder concorrer nas eleições 2018, Josué Gomes (PR) pode ser uma opção, com Wagner de vice
atualizado
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O governador da Bahia, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (18/7), que, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, não puder ser candidato ao Palácio do Planalto nas eleições 2018, o PT deve apoiar um nome de outro partido. Costa afirmou que a aproximação de Ciro Gomes (PDT) com o chamado Centrão dificulta uma aliança com ele, mas não descartou o aval ao empresário Josué Gomes da Silva, filiado ao PR, em uma chapa na qual o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) seria vice.
“Se Lula não puder ser candidato, temos de encontrar uma solução e um caminho que, na nossa opinião, pode e deve ser alternativa ao PT. A melhor pessoa é o Lula, que tem condições de vencer no primeiro turno. Mas, se ele não puder, acho que não necessariamente o candidato tem de estar filiado ao PT”, insistiu Costa.
Na semana passada, Wagner conversou com Valdemar Costa Neto, chefe do PR, em Brasília. Apelou para que a sigla voltasse a se aliar ao PT como nas eleições de 2002 e 2006, quando Lula foi eleito presidente e José Alencar, vice. Dono da Coteminas, Josué é filho de Alencar, que morreu em 2011.
A proposta de Wagner para Valdemar foi feita sem rodeios. Pragmático, o petista sondou o comandante do PR sobre a possibilidade de Josué ser o candidato, com apoio do PT, caso Lula seja de fato barrado pela Justiça Eleitoral. Nesse cenário, Wagner poderia ser indicado para a vice.
“Mais importante que o partido A, B ou C ou que a vaidade das pessoas é a gente se juntar para reconstruir o Brasil”, disse Costa. Questionado se poderia haver uma dobradinha com Josué como cabeça de chapa e Wagner na vice, o governador foi direto: “Não acho impossível que a gente discuta uma composição.” Costa ponderou, porém, que, até agora, Wagner é pré-candidato do PT ao Senado.
PR desistiu de aliança com Bolsonaro
O PR desistiu da aliança com o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e, nesta quarta, Valdemar era o principal convidado de um jantar, em Brasília, com dirigentes do DEM, PP, Solidariedade e PRB, que integram o Centrão. O bloco quer atrair o PR para decidir quem apoiar na disputa ao Planalto. Até agora, parece mais inclinado a fechar com Ciro, mas a posição do PR nesse jogo é importante para a decisão. Costa Neto disse a presidentes de partidos do grupo que está disposto a negociar.
Na avaliação do governador da Bahia, as tratativas de Ciro com o Centrão o distanciam da agenda de esquerda. “Na medida em que ele recompõe suas ideias, para fazer acordos, é evidente que afasta. Cada um escolhe o seu caminho”, disse Costa.
Ao ser questionado se não teme que o PT fique isolado na disputa, substituindo o candidato à Presidência na última hora, o governador admitiu que o partido corre risco. “Mas a vida é cheia de riscos”, argumentou ele, ao contar já ter ouvido de estrangeiros o receio de investir no Brasil, por causa da indefinição do quadro eleitoral.
Plano B para o PT
Questionado se o PT não estaria contribuindo para esse clima, Costa reagiu com irritação. “Culpar o PT é como culpar a mulher que foi estuprada porque estava de saia curta. Você defender os seus direitos não pode dar razão a alguém para o atacar”, afirmou.
Afilhado político de Wagner, o governador disse que o atual cenário é difícil de explicar até mesmo no exterior. “Acho que vamos passar uma vergonha internacional. Vamos ver pessoas presas em flagrante, com conta no exterior e malas de dinheiro sendo candidatas a senador, deputado, e outras, sem prova material de ilícito, não podendo ser”.
Não é a primeira vez que Costa manifesta sua opinião sobre a necessidade de o PT encontrar um “Plano B”. Em março, por exemplo, ele provocou polêmica ao criticar a cúpula petista por se recusar a planejar uma alternativa de candidatura fora do partido. Na ocasião, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a legenda não poderia cair na armadilha de seus adversários.
Agora, as ideias de Costa e Wagner voltam a agitar as fileiras petistas. “Necessariamente, o candidato não precisa ser do PT, mas não há unidade no PT sobre isso. Tem gente que acha que o nome tem de ser do partido”, disse o governador. “Nós achamos que o mais importante é um projeto de reconstrução do Brasil.”