Rosso muda discurso e afirma que vai concorrer à presidência da Câmara
O parlamentar do DF diz que o registro da candidatura, no entanto, só será feito depois que as regras do processo eleitoral forem divulgadas. Mudança ocorreu, segundo ele, após conversar com a família e ser convencido pelos “apelos” dos colegas
atualizado
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Depois de negar que seria candidato à Presidência da Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (PSD) confirmou nesta segunda-feira (11/7) que pretende disputar a vaga — aberta após a renúncia de Eduardo Cunha. A mudança de posição, segundo o deputado, ocorreu após conversas com a família e com outros parlamentares. O político diz que o registro da candidatura, no entanto, só será feito depois da divulgação das regras do processo eleitoral.
Em 2010, Rosso foi eleito indiretamente pela Câmara Legislativa para um mandato de governador-tampão, após a saída de José Roberto Arruda e do vice Paulo Octávio, por conta das investigações da operação Caixa de Pandora.Rosso ganhou visibilidade nacional ao assumir a Presidência da Comissão Especial do Impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com a renúncia de Eduardo Cunha, o nome do parlamentar do DF ganhou força entre os integrantes do chamado “centrão”, agrupamento político que reúne partidos como PSD, PP, PRB, PTB e outros sem grandes vinculações ideológicas.
Ao Metrópoles, nesta segunda (11), o deputado afirmou que “recebeu o apelo de muitos deputados e líderes de partidos para que disputasse a vaga”. Mas, segundo ele, o registro da candidatura ainda está pendente. “Quero saber como será o intervalo entre os turnos, o tempo de fala dos candidatos, o horário que a sessão vai começar”, contou.
Mesmo sem o registro oficial, Rosso já encomendou santinhos. O slogan do parlamentar do DF é “Serenidade, responsabilidade e coerência”.
Nas contas do deputado, o próximo presidente terá apenas três meses de pleno exercício (o mandato acaba em fevereiro do ano que vem). A principal bandeira de Rosso, caso ganhe, será “fazer com que a Casa volte à normalidade, prestigiando os partidos, o colégio de líderes, e formatando uma agenda previsível para os próximos cinco meses, que ajude o país a sair da crise”. Parlamentares acusam a Câmara de estar paralisada desde que Waldir Maranhão (PP-MA) assumiu o comando.
Aliado do Planalto
No governo interino de Michel Temer, o PSD tem um ministro, Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), e outros postos de relevo na administração federal. Rosso é aliado do peemedebista. “O presidente está indo bem nos dois pilares em que a presidente Dilma foi mal: política econômica e relacionamento com o Congresso”, disse. “Com a vantagem de já ter sinalizado que não é candidato à reeleição”, acrescentou.
Os dois se conhecem desde que Rosso era militante do PMDB de Brasília. Temer perguntou, pouco antes de assumir, se o deputado desejava alguma posição no governo interino. Ele se disse honrado com a sondagem, mas declinou. Explicou ao presidente, para não parecer desdém, que tem um projeto de lei defendendo quarentena para quem tenha sido presidente ou relator de comissão do impeachment.
Favorável ao afastamento definitivo da presidente Dilma, “por crime de responsabilidade”, acha, em tese, que ela ainda possa voltar. Mas sua percepção é a de que o jogo acabou. Lembrou que a presidente o recebeu sete vezes, como líder da bancada pedessista e amigo e braço direito do ministro Gilberto Kassab, na época, comandando a pasta de Cidades da gestão petista.