Rocha Loures, o “deputado da mala”, negocia delação premiada
Interlocutores do deputado afastado, homem de confiança do presidente Temer, procuraram a força-tarefa da Lava Jato
atualizado
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A defesa do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) procurou a força-tarefa da Lava Jato, semana passada, em busca de informações sobre quais seriam as chances de uma delação premiada do parlamentar ser aceita. Segundo reportagem de O Globo, publicada nesta terça-feira (30/5), a abordagem surpreendeu os investigadores.
Eles informaram ao emissário de Rocha Loures que, se ele realmente está interessado em um acordo de delação premiada, terá que entregar todos os cúmplices da organização criminosa acusada de receber suborno dos donos da JBS e tentar obstruir as investigações sobre as supostas fraudes.
As duas partes ficaram de voltar a conversar sobre o assunto. Rodrigo Rocha Loures é o homem de confiança do presidente Michel Temer (PMDB) flagrado, em ação controlada da Polícia Federal sobre executivos da JBS, recebendo uma mala de dinheiro com R$ 500 mil do diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. O parlamentar foi afastado do cargo após decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 18 de maio.Em áudio gravado por Joesley, em visita às escondidas no Palácio do Jaburu, Michel Temer indica Loures para ser seu interlocutor junto à empresa. O peemedebista afirmou, durante as gravações, que o empresário poderia tratar de qualquer assunto com o deputado.
Loures é acusado de receber propinas de R$ 500 mil semanais em troca de influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE — o valor da propina, supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.
As tratativas teriam sido feitas entre o parlamentar, homem de confiança de Temer, e o presidente interino do Cade, Gilvandro Araújo, de acordo com a delação.