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Revista Veja aponta ligação entre Toffoli e alvos da Lava Jato

A relação do ministro do STF com investigados pela PF motivou pedido de afastamento de Dias Toffoli, que estaria nas mãos de Rodrigo Janot

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1 de 1 toff_berzo22102015_140 (1) - Foto: Lula Marques/Agência PT

Procuradores de São Paulo que integram a força-tarefa do Ministério Público na Lava Jato sugeriram o afastamento do ministro Dias Toffoli de todas as ações referentes à operação que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana (4 e 5/2), relatório da Polícia Federal revela ter havido conversas entre o magistrado e investigados no esquema de corrupção, além de laços de amizade, o que levantaria “suspeição”.

O documento elaborado pela PF faz referência ao conteúdo encontrado no celular do ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, um dos alvos da Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, que investiga o desvio de R$ 100 milhões do Ministério do Planejamento.

A sugestão teria sido remetida ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem caberá decidir se segue ou não o entendimento dos colegas paulistas. Toffoli é titular da Turma do STF que analisa os processos da Lava Jato. Na avaliação do juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Turma da Vara Criminal de São Paulo, embora relações de amizade não configurem crime, acarretam, por si, “exceção de suspeição”

De acordo com a reportagem, Gabas teria intermediado um pedido de reconsideração em uma decisão assinada por Toffoli em 2014, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra a posse do tucano Elvis Leonardo Cezar, prefeito interino de Santana de Parnaíba (SP). Acusado de trocar votos por presentes, ele estava impedido de assumir o cargo.

No celular de Gabas, recolhido pela PF durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, mensagens revelam que após um encontro dele com Toffoli, no TSE, a defesa de Cezar entrou com o pedido de reconsideração, imediatamente acolhido. Uma semana depois, o prefeito foi empossado no cargo, que ocupou até o fim de 2016. Para a Polícia Federal, o fato tem características de tráfico de influência.

Veja a reprodução de parte das mensagens trocadas entre Gabas, Toffoli e Elvis Leonardo Cezar:

Reprodução/Revista Veja

 

Conforme fonte que teve acesso à investigação, as comunicações mostram que Toffoli e Gabas marcavam encontros fora do expediente e combinavam eventos sociais, até mesmo um churrasco, o que chamou a atenção no MPF.

Consignados
Desdobramento da Lava Jato, a Custo Brasil apura esquema de desvio que movimentou R$ 100 milhões por meio de contrato com a Consist Software, que gerenciava empréstimos consignados.

Além de Gabas, estaria envolvido Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento, acusado de receber R$ 7 milhões de suborno da empresa, supostamente repassados a ele por meio de um escritório de advocacia. A banca também pagaria despesas eleitorais da senadora Gleisi Hoffmann (PT), mulher de Paulo Bernardo.

Em outra conversa, cujo conteúdo estava no celular de Gabas, Toffoli o convida para ir à casa dele: “Wagninho tá aqui”, teria escrito o magistrado. De acordo com a Polícia Federal, Wagninho seria o lobista Adalberto Wagner Guimarães de Souza, também investigado na Operação Custo Brasil. Segundo a revista Veja, ele e o ministro do TSE são amigos desde 2009. Quando Dias Toffoli foi nomeado para o STF, o lobista teria dado uma festa.

Reprodução/Veja

 

Seis dias depois da operação, o ministro acatou pedido da defesa de Paulo Bernardo e revogou a prisão do petista, alegando que “houve flagrante constrangimento ilegal”.  Decisão que se estendeu aos demais presos da ação.

O outro lado
Procurado pela Veja, Toffoli se manifestou por meio de nota e afirmou que nunca teve “relação de intimidade” com Gabas, Wagner Guimarães e Paulo Bernardo, embora os conheça. Destacou ainda que “pauta suas decisões de impedimento e suspeição na legislação”, analisando caso a caso, “os processos submetidos à apreciação do tribunal”.

Gabas não se manifestou. Wagninho afirmou não ser lobista, mas confirmou ter ido à casa de Toffoli e que o ministro participou de uma festa na casa dele.

Não é a primeira vez que o ministro aparece em histórias nas quais seu caminho se cruza com o de amigos investigados. Em 2015, foi divulgado um relatório da Polícia Federal sobre mensagens encontradas nos telefones de Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, e um dos artífices do Petrolão. Os dois são suspeitos de trocar presentes e favores.

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