metropoles.com

Reverendo nega pedido de propina e diz que oferta por dose era de US$ 11

Amilton Gomes de Paula, que intermediou tratativas entre o Ministério da Saúde e a empresa Davati Medical Supply, depõe na CPI da Covid

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Reverendo Amilton de Paula na CPI da Covid
1 de 1 Reverendo Amilton de Paula na CPI da Covid - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A CPI da Covid-19 votou, na manhã desta terça-feira (3/8), mais de 130 requerimentos de informação, convocação e quebras de sigilo. Após a parte deliberativa da oitiva, senadores deram início ao depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula — a quem coube intermediar as tratativas entre o Ministério da Saúde e a Davati Medical Supply, que ofertou doses de vacinas ao governo federal.

Entre os 135 itens na pauta, os parlamentares incluíram a transferência de dados telefônicos, fiscais, bancários e telemáticos de Dominguetti e de Cristiano Alberto Hossri Carvalho, procurador da Davati no Brasil.

Veja como foi:

O próprio reverendo também foi alvo de requerimento que solicita a quebra total de sigilo, assim como o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros. O congressista é investigado por denúncias de irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.

7 imagens
Reverendo Amilton diz que negociou vacinas: “Nos usaram de maneira ardilosa”
Sessão da CPI da Covid-19
O reverendo Amilton de Paula é ouvido na CPI da Covid
Reverendo Amilton de Paula na CPI da Covid
Vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues
1 de 7

Reverendo Amilton conversa com advogado na CPI

Hugo Barreto/Metrópoles
2 de 7

Reverendo Amilton diz que negociou vacinas: “Nos usaram de maneira ardilosa”

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 7

Sessão da CPI da Covid-19

Hugo Barreto/Metrópoles
4 de 7

O reverendo Amilton de Paula é ouvido na CPI da Covid

Hugo Barreto/Metrópoles
5 de 7

Reverendo Amilton de Paula na CPI da Covid

Hugo Barreto/Metrópoles
6 de 7

Vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues

Hugo Barreto/Metrópoles
7 de 7

Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros

Hugo Barreto/Metrópoles

Em depoimento aos senadores, o reverendo disse ter sido usado pela Davati nas negociações para a compra de vacinas. “Fomos usados de maneira ardilosa, para fins espúrios. Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG ser jogado na lama, trazendo prejuízo à sua dignidade.”

Amilton fundou a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos. O nome da entidade foi citado pelo policial militar e vendedor da Davati, Luiz Paulo Dominguetti.

Dominguetti relata que contou com a ajuda da Senah para iniciar as tratativas com a Saúde, na comercialização de 400 milhões de doses de vacinas contra Covid-19. O negócio não teve andamento após discordância do policial com suposta cobrança de propina de US$ 1 por dose, pelo então diretor de Logística da pasta, Roberto Dias.

O reverendo negou que a Senah tenha participado das negociações para venda de imunizantes e negou qualquer pedido de propina. “Eu estava apenas indicando alguém que teria essas vacinas”, enfatizou.

Amilton ressaltou que a ONG serviu apenas de canal de comunicação entre a Davati e o Ministério da Saúde. “Eu desconheço a negociação de vacinas pela Senah. O trabalho da Senah é humanitário. Então, a priori, quando vieram conversar conosco, abrimos uma conversação porque esse preço a US$ 3,50 [por dose]… Diante da possibilidade de disponibilização de vacinas ao Brasil, nós os indicamos”, completou.

Divergência de valores

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), questionou a diferença de valores ofertados pela Senah em comparação com a proposta oficial da Davati Medical Supply.

Segundo o reverendo, a primeira proposta da empresa norte-americana era de US$ 3,50 e, posteriormente, passou para US$ 17,50. Por fim, a companhia teria ofertado as doses de vacina por US$ 11.

Randolfe, no entanto, mostrou um documento oficial da Davati, datado de 5 de março deste ano, cuja o preço estabelecido por imunizante seria de US$ 10. Em carta enviada nove dias depois, o reverendo dizia ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco que as vacinas custaria US$ 11 por dose. A diferença de US$ 1 por unidade é justamente o mesmo valor da suposta propina que teria sido cobrada por Roberto Ferreira Dias nas tratativas entre a Senah, Davati e a pasta.

“Conclusões inconsequentes”

Após ficar horas fora do ar durante o depoimento de Amilton de Paula à CPI da Covid, a Senah divulgou nota em defesa ao reverendo, que, segundo a ONG, se dispôs a cooperar apoiando o governo no esforço para a aquisição de vacinas no combate à Covid-19.

“Surpreendentemente nos últimos dias fomos envolvidos em denúncias de que nossa organização participou em esquemas fraudulentos na compra de vacina, fatos totalmente inverídicos e distorcidos da realidade, gerando conclusões inconsequentes”, diz a nota.

“Todas as denúncias serão devidamente esclarecidas no foro competente. Desde já agradecemos a todos aqueles que estão orando e pedindo a Deus por um mundo melhor”, complementa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?