Renan critica Bolsonaro por suposta interferência na CBF: “Absurdo”
Relator da CPI da Covid-19 disse não ser momento para realizar a Copa América no Brasil, diante da pandemia de Covid-19
atualizado
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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse, nesta segunda-feira (7/6), se tratar de algo “lamentável” e “absurdo” a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Segundo o jornalista André Rizek, do Globo Esporte, o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, teria prometido ao governo federal que o atual treinador da seleção brasileira de futebol, Tite – que tem sido atacado por bolsonaristas após indicar se posicionar contra a realização da Copa América no Brasil, devido à pandemia de Covid-19 –, seria substituído por Renato Gaúcho, ex-treinador do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
“Isso realmente é um absurdo, uma coisa que jamais deveria voltar a acontecer”, assinalou Calheiros, à Globo News.
O senador alagoano relembrou, na entrevista, de polêmica parecida envolvendo o ex-presidente da ditadura militar general Emílio Garrastazu Médici. Em 1970, 78 dias antes da estreia da Seleção Brasileira na Copa do México, o jornalista João Saldanha foi demitido do cargo de técnico da equipe após se recusar a chamar o atacante Dadá Maravilha, sugerido por Médici.
“Lamentavelmente, essas coisas voltam a acontecer”, assinalou o relator da CPI da Covid, que apura ações e omissões do governo federal ao longo da pandemia.
“O ministro da Justiça silenciou. Isso é um dano à saúde dos brasileiros. […] Mais parece um campeonato da morte do que uma Copa América. Não é o momento agora. Dados do dia 5 de julho demonstram que nós só tivemos a vacinação para 10,77% do brasileiros. Não estamos em condição de sediar a Copa América”, prosseguiu.
“O presidente da República, em vez de conversar com a Fifa, com o Comitê Olímpico, vai procurar o presidente da CBF”, afirmou. Rogério Caboclo foi afastado da presidência da CBF após ser acusado de assédio moral e sexual.