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Renan chama Osmar Terra de “líder do negacionismo” e cita Galileu

Deputado foi convidado a depor no colegiado pela proximidade com o governo federal e participação no “gabinete paralelo”

atualizado

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Edilson Rodrigues/Agência Senado
Osmar Terra
1 de 1 Osmar Terra - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se referiu a Osmar Terra (MDB-RS), nesta terça-feira (22/6), como um dos “líderes do negacionismo”. O deputado foi convidado a depor no colegiado pela proximidade com o governo federal e por, supostamente, integrar grupo que assessorava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de enfrentamento à pandemia.

Calheiros comparou o depoimento de Terra à segunda condenação de Galileu Galilei pelo Tribunal do Santo Ofício, sistema jurídico criado pela Igreja Católica para combater heresia, blasfêmia e bruxaria.

“Quero lembrar um fato que considero muito importante, a segunda condenação de Galileu no tribunal do Santo Ofício, quando em 1633 foi condenado a renegar a ciência. O autor Mauro Lívio, que conta essa história no livro ‘Galileu e os Negadores da Ciência’, lembra que a história do cientista serve de poderoso alerta sobre a liberdade de pensamento em um mundo de atitudes governamentais anticientíficas com negadores da ciência ocupando cargos importantes e gerando conflitos desnecessários”, disse.

Segundo o relator, a realidade “se estende a esta Comissão Parlamentar de Inquérito”. “Negadores da ciência incentivando aglomeração, prescrevendo remédios ineficazes, enfatizando experiências mentirosas desmascaradas pelo noticiário do dia a dia, e desdenhando da vacina e da ciência”, prosseguiu.

Previsões furadas

Defensor do “tratamento precoce” com remédios sem eficácia comprovada, o deputado também foi convidado pelos senadores devido a previsões erradas acerca da crise sanitária. Ao longo da pandemia, o parlamentar relativizou a gravidade da doença e os impactos, colocou em dúvida a eficácia de vacinas e desestimulou a adoção de medidas de prevenção à Covid-19.

Em março do ano passado, por exemplo, Terra defendeu, sem qualquer embasamento científico, que a “epidemia” seria “menor e com muito menos dano à população do que a epidemia de H1N1” — que, entre 2009 e 2010, matou 2.098 pessoas no Brasil. A previsão não se confirmou e o país já registrou mais de 500 mil mortos pela Covid-19, um número 250 vezes maior do que o citado pelo deputado federal.

Um mês depois, no Twitter, o deputado disse que a pandemia acabaria no fim de abril, o que, mais uma vez, não ocorreu. Na ocasião, ele ainda relativizou a eficácia da adoção de medidas não farmacológicas — como lockdown, distanciamento social e uso de máscaras — para conter o avanço e a disseminação do vírus.

Em mais uma previsão equivocada, Terra estimou, em 7 de abril do ano passado, que o pico de casos e óbitos pelo novo coronavírus ocorreria “em no máximo duas semanas”.

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