“Renan Calheiros não apita mais no Brasil”, diz Bolsonaro
Presidente ainda insinuou que a aliança de 11 partidos contra o voto impresso é patrocinada pelo ex-presidente Lula
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a ironizar os senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta sexta-feira (2/7). Durante conversa com apoiadores, ele fez referência direta a Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente, e Renan Calheiros (MDB-AL), relator.
“Já pegou a Covid ou não? Ó, tem um médico bom pra você: é o doutor Omar Aziz. Outro médico bom também é o Renan Calheiros. Tem um melhor ainda: senador saltitante. Sabem tudo sobre Covid, sabem tudo”, disse ele ao deixar o Palácio da Alvorada. “Renan Calheiros não apita mais no Brasil, não apita mais”, prosseguiu.
Voto impresso
Em seguida, Bolsonaro insinuou que a aliança de 11 partidos contra o voto impresso é patrocinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Você pode ver: o que o candidato aí tá fazendo? Ele já reunindo alguns líderes partidários já loteando o futuro governo dele. Daí os caras começam a trabalhar contra o voto auditável. Esse cara só chega na fraude. A última pesquisa disse que ele tem 49%, eu tenho 25. Ele não anda na rua, eu ando. Mas essas eleições também… O que acontece com as coisas? As coisas têm que ser, ao longo do tempo, aperfeiçoadas. A questão do voto eletrônico começou até era uma situação boa, achei bacana na época, mas depois ele foi se aperfeiçoando para o mal.”
No fim de semana, líderes de 11 partidos reuniram-se virtualmente para sinalizar aliança contra o voto impresso. Participaram do encontro os presidentes do MDB, PP, Republicanos, PSL, Cidadania, PL, Solidariedade, Avante, PSD, DEM e PSDB. O PT não participou da videoconferência.
O tema está em discussão no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). A Câmara analisa proposta de emenda à Constituição (PEC) para tornar o voto impresso obrigatório. O parecer foi lido na última segunda-feira (28/6) em comissão especial criada para analisar a matéria. O parecer, favorável, é do deputado Filipe Barros (PSL-PR). A proposta é encampada pela base ideológica do mandatário do país, mas possui poucas chances de prosperar.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, tem atuado contra a aprovação da PEC e recebido parlamentares para tratar do assunto. Os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que também integram o TSE, se uniram a Barroso na defesa da urna eletrônica.
“Eu não entendo o ministro Barroso ser um ferrenho opositor ao voto auditável. Nós queremos transparência. Agora, eu não sei o que tá na cabeça dele, se ele é refém de alguém para estar nessa campanha, interferindo dentro do Parlamento, reunindo com lideranças, falando seus argumentos contra o voto auditável”, criticou o chefe do Executivo.
“Agora, tenho falado: se não passar, ele vai ter que inventar uma forma de tornar transparente as apurações. Se não, vão ter problema o ano que vem. O que está em jogo não é minha vida, tem algo mais importante que a nossa vida, que é a nossa liberdade.”
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada por um canal no YouTube simpático ao presidente.