Relatório diz que vice da Caixa atendia Temer e Moreira Franco
Documento pretendia aprofundar investigações sobre quatro operações e teria baseado decisão do presidente de afastar comando do banco
atualizado
Compartilhar notícia
Segundo relatório independente sobre irregularidades na Caixa Econômica Federal, é necessário investigar suposta atuação do atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi, com o objetivo de obter propina para políticos do PP. O documento cita indícios de envolvimento do vice-presidente afastado Roberto Derziê no repasse de informações ao presidente Michel Temer e a Moreira Franco, hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência. A informação é do portal Terra.
De acordo com a reportagem, o relatório, feito pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto em caráter sigiloso a pedido do conselho de administração da Caixa, foi concluído em 20 de novembro passado e pretendia aprofundar internamente investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre quatro operações: “A Origem”, “Cui Bono”, “Sépsis” e “Patmos”.
A investigação interna recomendou a apuração sobre se Occhi teria atuado para obter recursos ilícitos a políticos do PP no período em que era vice-presidente de Governo na Caixa, entre setembro de 2013 e maio de 2014. Esse fato, segundo o documento, constou de declarações feitas pelo operador financeiro e delator Lúcio Funaro em depoimento à Justiça Federal de Brasília.
O texto afirma que o relatório também menciona que Roberto Derziê, vice-presidente de Governo do banco, afastado nesta terça-feira por Temer, teria atuado para o presidente e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
“Foram encontrados documentos que podem indicar, pelo menos, o atendimento de pedidos ou o fornecimento de informações de operações em trâmite na CEF, por parte de Roberto Derziê de Sant’Anna, a Moreira Franco e a Michel e Temer”, disse o texto, que não detalhou quais demandas estariam sendo atendidas.
Outro lado
Procurada, a Caixa disse que não vai se manifestar sobre o assunto. Fonte ligada a Gilberto Occhi afirmou que uma auditoria da consultoria Kroll, a pedido do Pinheiro Neto, não encontrou evidências em relação às declarações de Funaro sobre atuação para receber propina em favor do PP.
A mesma fonte lembrou que no acordo de delação premiada firmada pelo empresário não foram incluídos esses elementos para abertura de uma nova frente de apuração. Segundo a reportagem do Terra, essa fonte disse que Occhi não tornou público a informação para não causar mal estar a outros colegas da Caixa.
A assessoria de imprensa de Moreira Franco afirmou que o ministro não teve acesso ao documento e que ele não conhece e nem tem qualquer ligação pessoal com Roberto Derziê. Por fim, informou que desconhece a informação atribuída a Derziê.
A Secretaria de Comunicação da Presidência disse que não comentará o assunto.