Relator da CPI da Covid-19 sugere “uso político” da PF: “Inadmissível”
Calheiro criticou aberturas de investigação pela corporação e a realização de diligências às vésperas de oitivas da comissão
atualizado
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O relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou, nesta quarta-feira (14/7), suposto “uso político” da Polícia Federal para atrapalhar os trabalhos da comissão.
O senador citou a alegação da defesa da depoente Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, de que já havia prestado depoimento na véspera da oitiva no colegiado e, por isso, permaneceria em silêncio e não responderia aos questionamentos dos senadores.
Calheiros, que já foi ministro da Justiça, afirmou que as aberturas de investigação pela corporação e a realização de diligências às vésperas de oitivas da comissão parlamentar são “no mínimo surpreendentes”.
“A Polícia Federal é uma instituição respeitável. Eu considero inadmissível que um governo, através do Ministério da Justiça, queira utilizar politicamente a Polícia Federal. Fui ministro e sei que isso não fica bem, porque você acaba expondo uma instituição na qual a sociedade confia bastante”, disse.
O senador também defendeu que a CPI da Covid foi instalada, justamente, por não haver investigação paralela em curso na PF. ” Essa Comissão Parlamentar de Inquérito se criou e se instalou porque a Polícia Federal não estava investigando essas denúncias”.
“Após encontro com os irmãos Miranda, o presidente disse que ia mandar os fatos para ser investigado e não mandou. Quatro meses depois [do encontro], depois de três meses de funcionamento da CPI, a PF abre uma investigação e, com base nessa investigação, a defesa da investigada pede para silenciar. É no mínimo surpreendente, mas essa coincidência que estamos levantando aqui não tem explicação”, prosseguiu.
O que diz a PF?
Nessa terça-feira (13/7), a PF rebateu as suspeições levantadas contra a corporação pelo comando da CPI da Covid-19 por instaurar inquéritos e colher depoimentos de investigados e testemunhas do colegiado às vésperas das oitivas da comissão.
Em resposta à manifestação dos senadores em sessão pela manhã, a PF defendeu que a investigação conduzida pela corporação frente às denúncias da Covaxin “atende às disposições constitucionais e legais, o que inclui o prazo regular para a sua conclusão”.
A Polícia Federal afirmou que “possui métodos e estratégias próprios de investigação, devidamente supervisionados pelo Judiciário e reconhecidos nacional e internacionalmente”.
A corporação disse, ainda, que conduz as apurações de maneira “isenta e imparcial”. “Em busca da verdade real dos fatos, sem perseguições ou proteções de qualquer natureza”, completou.