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Relator da CCJ vota pelo arquivamento de denúncia contra Temer

Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) criticou Ministério Público, refutou delação da JBS e alfinetou Lula e Dilma

atualizado

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1 de 1 boni4 - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

Após cerca de uma hora de leitura, o relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), proferiu um parecer solicitando a inadmissibilidade da acusação enviada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Conclui-se, portanto, que não há contra o presidente qualquer acusação de maior procedência. (…) O nosso voto é no sentido da inadmissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República

Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da denúncia na CCJ

Confira, abaixo, a íntegra do voto do deputado:

Parecer do relator Bonifácio de Andrada by Metropoles on Scribd


O relator iniciou a leitura do parecer às 16h20, com mais de seis horas de atraso. A apresentação do documento na comissão da Câmara estava prevista para as 10h, mas foi adiada a pedido de Andrada, que realizou ajustes finais no documento durante a manhã desta terça.

O decano criticou a atuação do Ministério Público Federal (MPF) e a tipificação de organização criminosa proposta pela PGR. Segundo ele, o MPF atua hoje como uma espécie de quarto poder. O tucano afirmou que o crime de organização criminosa foi utilizado pelo órgão para criminalizar atividades político-partidárias.

A denúncia tem como principal base a organização criminosa, que possui posicionamento e aspecto um pouco estranhos e incertos. A atuação politica do Ministério Público vale-se dela para alcançar qualquer área de sua atuação

Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da denúncia na CCJ

RICARDO BOTELHO / ESPECIAL PARA O METRÓPOLES
Antes da gestão Temer
Ao tratar das supostas atividades indicadas pela denúncia enviada pela PGR, Andrada considerou que os procedimentos listados datam de fatos anteriores ao governo Temer e mencionou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). “Aliás, a parte principal desta denúncia focaliza, inclusive, o presidente Lula e a presidente Dilma, indicando a existência de uma organização criminosa implantada a partir de 2002, bem antes do presidente Temer e seus ministros”, ressaltou o deputado.

O relator refutou ainda o uso da delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F. “A forma obscura como se deram as gravações mostram que elas foram realizadas de forma criminosa e, por isso, são alvos de CPMI no Congresso”, pontuou, referindo-se à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instaurada para apurar a atuação da JBS e as delações de seus donos e ex-executivos. Os irmãos Batista se encontram detidos e tiveram os benefícios do acordo firmado com o MPF revogados.

Após Bonifácio de Andrada, apresentaram seus argumentos os advogados do presidente e de seus ministros. A sessão foi encerrada por volta das 20h. “Sob o ponto de vista de procedimento, a coisa andou muito bem”, avaliou o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). “O requerimento vai ser apreciado à luz do parecer”, afirmou.

Trâmite
A discussão do relatório apresentado por Bonifácio de Andrada deve continuar na próxima terça-feira (17). Um pedido de vista conjunto já previsto pela mesa diretora adiou por duas sessões a análise do parecer na CCJ. Assim, a votação do documento na comissão deverá acontecer na próxima semana.

A expectativa do presidente do colegiado é encerrar todo o processo até a próxima quarta-feira (18/9). “Se for necessário, as discussões podem avançar na madrugada”, disse Rodrigo Pacheco.

Na comissão, o processo se dá de forma nominal e aberta. É necessário uma maioria simples para a aprovação do relatório. Caso o parecer seja rejeitado, outro relator deverá ser designado e um novo documento que reflita a vontade da maioria, redigido e analisado. Independentemente do resultado na CCJ, o pedido de abertura ou não de investigação contra o presidente fica a cargo do plenário da Câmara.

A previsão é que o documento seja analisado por todos os deputados no dia 24 de outubro. Para que a investigação seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) serão necessários 342 votos favoráveis à continuidade das investigações.

Denúncia
Michel Temer é acusado de obstrução da Justiça e organização criminosa. Também foram denunciados pelos mesmos crimes os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, além de outros políticos do PMDB. A denúncia foi ofertada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot em 15 de setembro.

Essa é a segunda acusação feita pela PGR contra Temer. Em 26 de junho, o peemedebista foi denunciado por corrupção passiva – imputação rejeitada pelo plenário da Câmara por 263 votos a 227.

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