Registro Espúrio: Roberto Jefferson posa com fuzil e delator pede proteção
Renato Araújo Junior detalhou esquema de corrupção no Ministério do Trabalho em operação que tornou o ex-deputado réu
atualizado
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O advogado Renato Araújo Junior, ex-assessor do Ministério do Trabalho e delator da Operação Registro Espúrio, pediu à Justiça Federal medidas judiciais cautelares contra o ex-deputado e presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, e a filha, Cristiane Brasil.
Jefferson foi condenado no esquema de corrupção do Mensalão, em 2012, a 7 anos e 14 dias de prisão. Ele também é réu na Registro Espúrio.
Entre os pedidos cautelares estão a preservação da identidade, imagem e dados pessoais, bem como a proibição de que o ex-deputado e Cristiane se manifestem sobre temas relacionados ao processo em meios de comunicação, como fez Cristiane Brasil em conta no Instagram, ao conceder entrevista via transmissão ao vivo.
Roberto Jefferson é um dos novos aliados do presidente Jair Bolsonaro na tentativa do chefe do Executivo de conquistar o Centrão no Congresso. No domingo, Jefferson publicou uma imagem com arma de grosso calibre e disse que estava “se preparando para o bom combate (…) contra os traidores“.
Na petição enviada por Renato Araújo para a 12ª Vara Federal Criminal destaca que o presidente do PTB considera delatores como “traidores”. No texto, o delator afirma se sentir ameaçado.
“É preocupante que determinado réu em ação penal não tema a Justiça além de ameaçar magistrados e até mesmo ministros da Suprema Corte, sugerindo fechá-la, atenta contra a democracia e desafia as instituições. O que será capaz de fazer com o colaborador?”, escreveu o advogado na petição.
Acusação de tráfico de influência
Jefferson e Cristiane Brasil tentaram vincular o delator da Registro Espúrio ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A acusação envolve uma suposta influência do ex-juiz para obter carta sindical para cliente do escritório da esposa, Rosângela.
Renato Araújo é servidor do Ministério do Trabalho, onde o esquema da Registro Espúrio se desencadeou. Ele ocupou diferentes cargos comissionados no Ministério do Trabalho e seria o contato de vários advogados, lobistas, sindicalistas e políticos no ministério.
Segundo Renato, ele e o ex-ministro tiveram um único contato e alega jamais possuir qualquer canal de comunicação com Sergio Moro.
As alegações que vinculam o escritório da esposa de Moro ao delator do esquema de corrupção tem origem no registro do Sindicato das empresas de gastronomia, entretenimento e similares do município de Curitiba (Sindiabrabar). A entidade obteve o registro em 20 de dezembro de 2016 e não consta a assinatura de Renato.
À época da liberação do registro, defende Renato, ele ocupava o cargo de assessor da Secretaria das Relações de Trabalho, que não lida com sindicatos.
Ameaça e sugestão de golpe
O ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, usou as redes sociais, nesse sábado (09/05), para sugerir que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demita os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele ainda divulgou uma foto na qual segura uma arma e ameaça “combater os comunistas”.
Estou me preparando para combater o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da Pátria. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos. pic.twitter.com/wmS1tR5Kiv
— Roberto Jefferson (@blogdojefferson) May 9, 2020
“Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita. Precisa cassar, agora, todas as concessões de rádio e TV das empresas concessionárias Globo. Se não fizer, cai”, escreveu o político.