Reforma trabalhista: relator reconhece derrota do governo em votação
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) considera que o resultado é “mais político do que regimental” e pode enfraquecer apoio à proposta
atualizado
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O relator da reforma trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), avaliou que a rejeição do seu parecer por 10 votos a 9 na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), nesta terça-feira (20/6), representa uma derrota para o governo. Ele considera que o resultado é “mais político do que regimental” e pode enfraquecer o apoio à proposta no plenário da Casa.
“Na prática, o resultado de hoje significa que o governo não conseguiu articular os senadores para poder aprovar a matéria na CAS. Não muda a tramitação, mas evidentemente é uma derrota política do governo”, lamentou Ferraço.
Desembarque
Nesta terça, Ferraço voltou a defender que o PSDB deveria desembarcar do governo do presidente Michel Temer e entregar todos os cargos nos ministérios, mas continuar “liderando a aprovando” as reformas econômicas. “Esse projeto, a meu juízo, não é de propriedade do governo, muito menos de qualquer governante de plantão, esse projeto é importante para o país”, afirmou o tucano.
O parlamentar lembrou que na quarta-feira está prevista uma reunião da Executiva Nacional da sigla para discutir o assunto.
Para rebater as críticas da oposição ao texto final, Ferraço defendeu que a proposta da reforma trabalhista mantém todos os direitos fundamentais da Constituição e que o projeto visa apenas “modernizar” a legislação.
“O que o Brasil vai ter que discutir, o Senado, é se nós vamos continuar olhando o nosso País pelo retrovisor ou pelo para-brisa. O que nós estamos tentando fazer com as leis trabalhistas no Brasil foi feito no mundo todo que progride e que prospera. Estamos fazendo efetivamente uma opção pelo atraso, essa é a decisão da CAS”, criticou Ferraço.
Comemoração
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), comemorou a derrota da reforma trabalhista na CAS. Ele também afirmou que o governo Temer não tem força política para aprovar nenhum tema no Congresso. “Está claro que essa reforma não vai passar nem na Comissão de Constituição e Justiça, nem no plenário”, disse.
Lindbergh lembrou que a oposição previa 7 ou 8 votos contra a reforma quando o tema chegou à CAS há 15 dias. “Houve uma grande virada”, disse, ao comentar que há “sentimento generalizado” de aumento da força da oposição no Congresso.