Reeleição de Maia confirma poder de políticos do Rio em Brasília
Presidente da Câmara e Jair Bolsonaro formam dobradinha de autoridades fluminenses no topo da República: vantagem para ambos
atualizado
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A reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara consolida a presença de políticos do Rio de Janeiro na cúpula do poder federal. Nos próximos dois anos, pelo calendário estabelecido, o deputado fluminense exercerá o terceiro mandato ao mesmo tempo em que o presidente Jair Bolsonaro, filiado ao PSL, comanda o país no Palácio do Planalto.
Embora sejam de partidos diferentes, eles terão chance de fazer uma dobradinha favorável ao estado onde construíram suas carreiras públicas. “A origem não faz a qualidade, mas espero que isso ajude a pagar a dívida histórica da União com o Rio de Janeiro”, afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que tem trajetória política na mesma unidade da Federação.
Na opinião do pedetista, o estado foi prejudicado pela transferência da capital para Brasília, em 1960, e nunca teve a devida recompensa pelas perdas decorrentes da mudança. A posição privilegiada de Maia e Bolsonaro na hierarquia do poder oferece uma oportunidade para o atendimento desse tipo de pleito dos fluminenses.
Na reeleição, o presidente da Câmara teve o apoio formal do partido do PSL e do PDT, mais um sinal da intenção da interação dos políticos estaduais. O candidato do partido de Bolsonaro, General Peternelli, teve apenas dois votos.
Assim que saiu o resultado no plenário, pelo Twitter, o presidente da República cumprimentou o deputado, com quem conviveu por muito tempo na Câmara. “Parabenizo o deputado Rodrigo Maia pelo resultado na eleição da presidência da Câmara, fato que caracteriza o respeito à democracia e à independência dos poderes. Esse cargo é de extrema responsabilidade para conduzir as votações dos projetos que o Brasil tanto almeja”, escreveu Bolsonaro.
A mensagem deixa explícita a importância estratégica de Maia para o presidente da República. No cargo para o qual foi reeleito, o deputado tem poder para pautar ou segurar projetos do Planalto. Nesse aspecto, o fato de serem ligados à mesma unidade da Federação amplia as possibilidades de estabelecimento de uma agenda de interesse comum.
Útil para o Planalto, essa proximidade também pode atender às pretensões de Maia caso ele tenha planos de voos maiores no estado. No sexto mandato de deputado e no terceiro no comando da Câmara, ele se cacifa, por exemplo, para disputar uma vaga no Senado ou, mesmo, no governo do estado.
A dobradinha fluminense na cúpula da República, pelo calendário, terá um reforço de peso em 2020, quando o carioca Luiz Fux assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Nos quatro meses seguintes, dos quatro principais cargos federais, três terão representantes do estado como titulares. Desde a redemocratização, será a primeira vez que isso será possível.