Recuo de Temer na Previdência é motivado por pressão sobre aliados
Presidente restringiu a reforma aos servidores federais. Integrantes da base aliada do governo têm sofrido pressão nos redutos eleitorais
atualizado
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A decisão do presidente Michel Temer em restringir a reforma da Previdência aos servidores federais teve como principal motivação as pressões sofridas pelos integrantes da base aliada em seus respectivos redutos eleitorais e a efetiva ameaça de não serem reeleitos no próximo ano.
Diante desse quadro, lideranças da base do governo intensificaram, nas últimas semanas, o alerta junto ao Palácio e aos integrantes da equipe econômica dos riscos de uma derrota “acachapante” na votação da proposta no Congresso.
Logo após o anúncio de Temer, lideranças do governo no Congresso ressaltaram, na noite desta terça-feira (21/3), que a movimentação para alterar a reforma vinha sendo costurada desde o final de fevereiro, após o Carnaval, quando os parlamentares voltaram de suas bases “bombardeados” por vários setores da sociedade, contrários às alterações sugeridas pelo governo federal nas aposentadorias.
O tema também voltou a ser colocado na reunião de líderes da Câmara e do Senado realizada na terça, no Palácio do Planalto com Temer.
“Lógico que diminui a pressão. Com essa decisão vai facilitar a votação porque se diluir, se for pegar o número de servidor federal em todos os estados, ele é mínimo”, afirmou o líder do PP, Arthur Lira (AL) que esteve presente ao lado de Temer, no momento do anúncio de terça. “A decisão do governo vai acelerar a discussão no Congresso. Aqueles que estão fazendo movimentos contra estavam presos nos sectarismos dos sindicatos, das centrais. Agora a briga deles é com os governos estaduais e municipais”, emendou.
Presente no anúncio de Temer, o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), adotou inicialmente o discurso oficial, mas ressaltou que a decisão poderá ajudar a “despressurizar” as discussões nos redutos eleitorais dos deputados “É uma decisão acertada, a luz do respeito aos entes federados”, considerou. “Mas é natural que ao ter uma decisão como essa, você também tenha menos demandas de determinadas categorias em relação à reforma da Previdência”, emendou o líder
Responsável pela articulação nas duas Casas, o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), também divide das avaliações de Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro e ressalta que cada governador poderá fazer os ajustes na Previdência de acordo com sua realidade local.
“Você dá ao estado a possibilidade de legislar naquilo que lhe compete que são os servidores estaduais. E cada estado tem a sua peculiaridade. Nada melhor do que dar essa responsabilidade aos governadores e às assembleias legislativas. Isso também ajuda a diminuir a pressão aqui no Congresso”, considerou.