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Receita investigará 2º pacote de joias para Bolsonaro que entraram de forma ilegal no país

Diferentemente do primeiro pacote de joias do governo saudita para Bolsonaro, este outro conjunto não foi interceptado pela Receita

atualizado

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Breno Esaki/Especial Metrópoles
Fachada do edifício da Receita Federal, setor de autarquias sul. - metrópoles
1 de 1 Fachada do edifício da Receita Federal, setor de autarquias sul. - metrópoles - Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

A Receita Federal afirmou nesta segunda-feira (6/3) que vai tomar “as providências cabíveis”, no âmbito de suas competências, para investigar as circunstâncias de entrada do segundo pacote de joias enviado pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Esse segundo pacote, que também seria um presente do governo saudita, não foi interceptado pela Receita, de acordo com recibo obtido pela Folha de S.Paulo. O conteúdo estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva que foi ao Oriente Médio em outubro de 2021, em missão oficial.

O pacote inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard. Publicamente, não há estimativa ou avaliação de valores desse outro lote de joias.

Essas joias foram entregues por um assessor especial do Ministério de Minas e Energia ao Palácio do Planalto apenas em novembro de 2022, e permaneceram sob guarda da pasta desde o desembarque no Brasil, em 2021.

Em nota, a Receita diz que esse pacote somente poderia ter ingressado no país se trazido por outro viajante diferente daquele alvo da fiscalização aduaneira.

“O fato pode configurar, em tese, violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos”, disse o órgão.

Nesta segunda, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, solicitou à Polícia Federal (PF) a apuração de possíveis fatos criminosos.

Primeiro pacote apreendido

Um colar, um par de brincos, um anel e um relógio da marca Chopard, no valor de 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões, foram apreendidos no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 26 de outubro de 2021. As joias estavam na mochila de Marcos André dos Santos Soeiro, um militar que atuava como assessor do então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Desde o mês de outubro de 2021 até o fim de seu mandato, em dezembro de 2022, Bolsonaro tentou, por diversos meios, reaver as joias, sem sucesso. A única forma de liberar os objetos seria mediante o pagamento do imposto de importação, equivalente a 50% do preço das joias, além do pagamento de uma multa de 25%, o que custaria R$ 12,3 milhões.

As joias seriam destinadas a Bolsonaro e à esposa e então primeira-dama, Michelle. O caso foi revelado na sexta-feira (3/3) pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Guardados por ministério

O que dizem os envolvidos

O ex-presidente Bolsonaro negou ilegalidade no caso. “Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade”, disse Bolsonaro à CNN Brasil. Ele ainda não comentou o recebimento do segundo pacote de joias pela Presidência.

Pelas redes sociais, Michelle ironizou a posse das joias. “Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo, hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa (sic) vexatória”, escreveu.

Por sua vez, o ex-ministro Bento Albuquerque disse ter cumprido os protocolos oficiais ao desembarcar no Brasil com as joias supostamente presenteadas pelo governo da Arábia Saudita a Michelle Bolsonaro, então primeira-dama.

Segundo Albuquerque, o governo brasileiro tomou as medidas “cabíveis e de praxe” em relação aos presentes institucionais ofertados à Representação Brasileira na Arábia Saudita em 2021.

“Esclareço que o governo brasileiro tomou as medidas cabíveis e de praxe, como sempre ocorreu, em relação aos presentes institucionais ofertados à Representação Brasileira, integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia, que participou de evento diplomático na Arábia Saudita, em outubro de 2021. Em função dos valores histórico, cultural e artístico dos itens, o ministério encaminhou solicitação para que o acervo recebido tivesse o seu adequado destino legal”, diz nota de Bento Albuquerque deste domingo (5/3).

A Receita Federal, no entanto, diz que os bens foram trazidos para o Brasil de forma irregular e que a comitiva não regularizou a situação aduaneira dos itens mesmo após orientações do órgão fiscalizador.

Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social de Bolsonaro, apresentou um ofício do gabinete pessoal da Presidência da República no qual indicava que os itens deveriam ser encaminhados para análise quanto à incorporação ao acervo privado ou ao acervo público da Presidência.

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