Receita: 738 fiscais entregaram os cargos em protesto contra governo
Segundo o sindicato da categoria, 97% dos delegados aderiram à paralisação. O movimento não tem prazo para terminar
atualizado
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Em greve contra os cortes no orçamento da Receita Federal, já são 738 os auditores fiscais do órgão que entregaram seus cargos, de acordo com números divulgados pelo sindicato nacional da categoria (Sindifisco). A entidade informou que os pedidos de exoneração correspondem a 97% dos delegados que chefiam unidades da Receita espalhadas por todo o país.
O movimento, que foi aprovado pelos auditores na quinta-feira (23/12) e deflagrado nesta segunda (27/12), deve afetar o fluxo das importações e exportações brasileiras, mas não deve interferir na entrada de passageiros internacionais no país.
Na semana passada, o número de auditores fiscais que já haviam entregado seus postos estava em torno de 635.
Além do corte orçamentário enfrentado pelo órgão, auditores protestam contra a não regulamentação do bônus de eficiência da categoria.
Segundo nota divulgada pelos trabalhadores, “todas as áreas são afetadas, com destaque para alfândegas, portos e aeroportos, e pontos de fronteira do país, com maior lentidão nas importações e exportações”.
Lentidão
A previsão é que essa lentidão seja mais sentida no mês de janeiro, após o término do recesso de fim de ano. Isso porque, neste período, o volume de cargas é bem menor que o habitual.
“A semana de recesso de fim de ano acaba gerando menor impacto, pois o volume de cargas é pequeno. Mas, em janeiro, a tendência é haver um represamento importante, inclusive de importações e exportações de alimentos”, destacou o comunicado da entidade.
De acordo com os auditores, ainda não houve negociação por parte do governo. O Sindifisco solicitou uma audiência com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, mas, até o momento, não obteve resposta.
“Enquanto não houver uma sinalização inequívoca por parte do governo de que a pauta da categoria será atendida, o movimento tende a recrudescer”, destacou nota divulgada pela categoria.
O Metrópoles entrou em contato com a Casa Civil e também aguarda resposta. O espaço continua aberto para as manifestações.
Reajuste para a PF
Auditores alegam que o orçamento do Fisco foi cortado para que o governo pudesse conceder reajuste salarial para policiais federais em 2022, atendendo um pedido com fins eleitorais do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com os recursos aprovados pelo Congresso, os auditores afirmam que a Receita Federal não terá condições de funcionar de forma adequada no próximo ano.
A greve foi deflagrada por prazo indeterminado.