Randolfe: “Habeas corpus de Pazuello era para proteger Bolsonaro”
Vice-presidente da CPI da Covid diz que depoimento de ex-ministro foi um “exercício reiterado de contorcionismo de fatos”
atualizado
Compartilhar notícia
O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta quinta-feira (20/5), que o habeas corpus pedido pela Advocacia-Geral da União (AGU) não era, de fato, para o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello garantir seu direito de ficar em silêncio durante o depoimento, mas sim para proteger o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O depoimento do senhor Eduardo Pazuello ontem foi um exercício reiterado de contorcionismo de fatos. Hoje, no segundo dia, quando ele começa a ser confrontado com os fatos, concretamente, aí não resta dúvida. Eu não o culpo por isso. Ele veio aqui protegido por um habeas corpus. O que nos causou surpresa é que o habeas corpus não era para protegê-lo. Era para proteger terceiro. E este terceiro é o presidente da República”, declarou.
O senador, todavia, avaliou que o ex-ministro, apesar de tentar blindar o presidente Jair Bolsonaro, entregou o ex-chefe em, ao menos, duas situações: na demora em adquirir as vacinas e na decisão de não intervenção sanitária em Manaus.
“Mesmo com toda a resistência dele, nas inquirições mais duras e firmes, ele não teve como esconder isso. Foi a palavra dele, a decisão de não intervenção foi uma decisão de governo, a decisão de não editar a medida provisória com supostas cláusulas leoninas foi uma decisão de governo”, disse.
O senador também ironizou o depoimento do ex-ministro nessa quarta-feira (19/5), classificando-o como “exercício reiterado de contorcionismo de fatos”.
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), destacou, durante a sessão, que havia encontrado 14 mentiras de Pazuello. Randolfe ressaltou que o emedebista foi “modesto na contagem”.
Com o depoimento de Pazuello tomando duas sessões da CPI, a oitiva da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, ficou marcada para a próxima terça-feira (25/5).
Depoimentos
Pazuello foi o oitavo depoente do colegiado. Antes, os senadores ouviram os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e o atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.
O ex-chanceler Ernesto Araújo, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, também prestaram depoimento.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.