Randolfe: ex-ministro do GSI irá à CPI do 8/1 na condição de vítima
Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues adianta que convocação de Gonçalves Dias para a CPI mista deve ser favorável ao ex-GSI
atualizado
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Líder do governo Lula no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) saiu em defesa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, que deve ser convocado para explicar sua atuação durante os atos terroristas de 8/1 na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), cujo requerimento de abertura foi lido nesta quarta-feira (26/4). Ao afirmar que o governo está tranquilo com relação aos rumos a serem tomados pela CPMI, Randolfe ressaltou que, caso seja chamado, Dias compaecerá, mas na condição de vítima.
“Em decorrência de que houve escalada golpista, todas as pessoas que tiverem relação com esses fatos necessitam ser interrogadas. Gonçalves Dias foi uma das vítimas, junto com o nosso governo. Então primeiro vamos investigar os culpados, enquanto as vítimas a gente vê como elas colaboram como testemunhas. Alguns serão chamados como suspeitos. Outros, como testemunhas dos fatos”, argumentou.
Segundo Randolfe, o governo é favorável à instauração da CPMI “desde a apresentação do seu requerimento”. O senador classificou como “narrativa” e comparou ao terraplanismo a teoria levantada pela oposição de que a atual gestão do Planalto fomentou os atos antidemocráticos para enfraquecer a base bolsonarista.
A formação da CPMI ainda não foi definida, mas o líder diz já contar com uma composição favorável ao governo. Ele aponta que a base governista terá em torno de 21 dos 32 membros do colegiado, formado por deputados e senadores.
Queda de Dias e a CPI
Gonçalves Dias pediu demissão do GSI na última quarta-feira (19/4), pouco depois do vazamento de imagens suas no Palácio do Planalto, durante a invasão dos manifestantes golpistas. O general aparece interagindo com os invasores e guiando-os à porta de saída. Dias afirmou que não dispunha de meios para prender os infratores naquele momento e agiu para que eles fossem presos ao deixar o local.
A oposição usou o episódio para pressionar o Congresso para abrir a CPMI, como forma de gerar desgaste político para o governo. Até então, a base governista tentava frear a comissão. Porém, após a queda do general, decidiu apoiar a formação do colegiado e assumir o seu controle, usando os blocos parlamentares para isolar os grupos bolsonaristas.
Enquanto isso, a base governista tentará convocar nomes ligados a Jair Bolsonaro (PL) e não descarta chamar o próprio ex-presidente. Um dos nomes que devem ser chamados no começo dos trabalhos do colegiado é o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, atualmente preso. Randolfe, porém, se apressa para amenizar as expectativas.
Escalada golpista
“A CPMI não investiga pessoas, investiga fatos. Qual o fato do 8/1? A escalada [começou na] atuação da PRF na eleição, com o não reconhecimento do resultado das urnas. Teve um conjunto de eventos: a ocupação de estradas e quartéis, os atos terroristas em Brasília no dia da proclamação do presidente, a tentativa de bomba no Aeroporto Internacional de Brasília. Tudo isso é objeto de investigação. Isso faz parte da da escalada golpista”, diz Randolfe.