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“Rachadinha”: relator da CPI quer convocar ex-cunhada de Bolsonaro

Gravações divulgadas pelo Uol apontam participação direta do então deputado federal em suposto esquema de rachadinha no gabinete

atualizado

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Relator da CPI da COVID, Renan Calheiros, após primeira reunião da Comissão 5
1 de 1 Relator da CPI da COVID, Renan Calheiros, após primeira reunião da Comissão 5 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), planeja pedir a convocação de Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ela aparece em gravações revelando supostos esquemas de “rachadinha” registrados no gabinete de Bolsonaro de 1991 a 2018.

A informação foi confirmada ao Metrópoles pela assessoria de imprensa do parlamentar. A convocação decorre de áudios e vídeos publicados pela coluna da jornalista Juliana Dal Piva, do Uol, denunciando o repasse ilícito.

O relator do colegiado afirmou que a convocação da ex-cunhada de Bolsonaro “é fundamental”. “Ela pode explicar se houve espelhamento do esquema das rachadinhas no governo federal. Como se sabe Carlos Bolsonaro é peça fundamental no ministério paralelo e Flávio Bolsonaro um influente filtro de indicações”, publicou no Twitter.

“A oitiva dela não é para incriminar, mas para esclarecer fatos relacionados a presença dessas pessoas no governo. Ela cita um coronel reformado. São muitos os indícios e testemunhos da participação de militares em irregularidades com as vacinas Covaxin e Astrazeneca”, prosseguiu.

Áudios

As gravações mostram que o presidente não só integrava o esquema como era quem cobrava a devolução dos salários dos assessores de seu gabinete. Segundo Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, o então deputado federal demitiu o irmão dela porque ele não estaria cumprindo o combinado de devolver o valor acertado.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele, porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'”, disse Andrea em um dos áudios. Ouça aqui o áudio na reportagem.

Segunda denúncia

Em uma segunda denúncia, o chefe do Executivo federal é apontado como sendo conhecido na família Queiroz como “01”. Os áudios apontam diálogos entre a esposa e a filha de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que já é investigado na apuração de “rachadinha”.

Nos áudios, mãe e filha comentam que Bolsonaro, que já era presidente, não deixaria Queiroz voltar ao cargo de assessor no gabinete de Flávio.

“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas, enfim, não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, disse Márcia. Ouça aqui.

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Terceira denúncia

Na terceira, a jornalista mostra que não só Queiroz recolhia os salários de assessores, mas que outras pessoas também foram, supostamente, designadas para a tarefa. Um coronel da reserva do Exército, de nome Guilherme dos Santos Hudson, foi apontado pela ex-cunhada de Bolsonaro como responsável por cobrar parte do recebimento.

“O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”, afirmou Andrea. Ouça a declaração aqui.

A reportagem do Uol entrou em contato com o advogado do presidente, Frederick Wassef, que disse que os fatos não procedem. “São narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos.”

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