Quem é Carlos Nadalim, cotado para a vaga de Weintraub no MEC
Abraham Weintraub deixou o governo do presidente Jair Bolsonaro após impasses com a Justiça e com o Congresso Nacional
atualizado
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Abraham Weintraub foi demitido do cargo de ministro da Educação, nesta quinta-feira (18/06), pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após impasses com a Justiça e com o Congresso Nacional. Para o seu lugar, o nome do atual secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, é um dos mais cotados, embora enfrente resistência de parlamentares. Ele deve, ao menos, ser apontado como interino da pasta.
Nadalim é seguidor do guru bolsonarista Olavo de Carvalho e defensor da educação domiciliar. Para ele, o modelo pode ser seguido sem a necessidade da escola regular.
Weintraub defende Nadalim como seu sucessor. O cotado é formado em direito e mestre em educação, pela Universidade Estadual de Londrina, com especializações em história e teorias da arte e em filosofia moderna e contemporânea.
Ele foi professor em várias instituições de ensino do Paraná. Na educação superior, ministrou aulas nos cursos de direito, pedagogia, música e administração de empresas. Já no ensino básico, foi coordenador pedagógico e professor de pré-alfabetização e alfabetização. É responsável pelo site Como Educar Seus Filhos. No blog, o professor agrada os entusiastas da educação domiciliar, os combatentes dos pensamentos do maior educador da história brasileira, Paulo Freire, e os defensores do método fônico de alfabetização.
Nadalim também é autor de alguns livros, como Maravilhamento, Linha, agulha, costura: canção, brincadeira, leitura e As 5 Etapas para Alfabetizar seus Filhos em Casa – O Guia Definitivo.
Em 2018, recebeu o prêmio Darcy Ribeiro de Educação, concedido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
Outros nomes
Segundo um jornal bolsonarista na internet, a atual secretária nacional do Ensino Básico, Ilona Becskeházy, também é cotada para assumir a vaga de Weintraub.
Outra opção seria o capitão-de-fragata Eduardo Melo, que chegou a ser secretário-executivo adjunto da pasta ainda sob o comando de Ricardo Vélez Rodriguez, o primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, e depois foi alojado na TV Escola.
Demissão de Weintraub
Defensor de Bolsonaro, Weintraub movimenta as redes sociais com publicações que, embora aticem a militância bolsonarista, costumam gerar crises institucionais. Em uma delas, ele virou alvo de outro inquérito, também no STF, por racismo contra chineses. Essas atitudes, segundo aliados, podem prejudicar Bolsonaro, que tenta amenizar os transtornos entre os Três Poderes.
Apesar da decisão de exonerar o ministro da Educação, Bolsonaro decidiu dar outro cargo para Weintraub. Agora, ele foi indicado para ocupar uma diretoria do Banco Mundial. O ex-titular da Educação sempre teve o apoio dos filhos do presidente.
No Supremo Tribunal Federal (STF), Weintraub é alvo de 18 ações. Nessa quarta (17/07), a Corte decidiu, por 9 votos a 1, manter o ex-ministro como investigado no inquérito das fake news.
Quando passou a integrar o governo, após a demissão de seu antecessor, Ricardo Vélez Rodriguez, Weintraub mostrou que estava alinhado com as ideias de Bolsonaro. Assíduo nas redes sociais, o ministro fez inúmeras publicações polêmicas. Com isso, mobilizou entidades, deputados e ministros contra ele.
Os comentários geraram revolta em sindicatos estudantis e educacionais. Por consequência, das 18 ações que o ministro é alvo no STF, 11 são de entidades e deputados que pediram uma penitência a Weintraub por crime contra a honra das universidades federais.
A gota d’água para fazer o copo de Weintraub no ministério transbordar teria sido o comparecimento dele às manifestações do último domingo (14/06). Junto com 15 manifestantes, ele desobedeceu uma ordem do governo do Distrito Federal que proíbe protestos na Esplanada dos Ministérios. No início da semana, o GDF multou o ministro em R$ 2 mil por não ter usado máscara na ocasião.
No encontro com apoiadores, Weintraub redobrou a aposta: “Eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”. Ele usou o mesmo termo que se referiu aos ministros do STF durante a reunião ministerial.