“Quem define gênero é a natureza”, diz futuro ministro da Educação
Ricardo Vélez Rodríguez conversou com a imprensa na noite desta segunda-feira (26), em Londrina, no norte do Paraná, onde mora com a família
atualizado
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O futuro ministro de Educação do governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que “quem define gênero é a natureza”, ao justificar o motivo de discordar da discussão de gênero em sala de aula. Rodríguez falou com a imprensa, pela primeira vez, no início da noite desta segunda-feira (26/11), durante uma recepção em homenagem ao docente na universidade particular em Londrina, no norte do Paraná, cidade na qual trabalha e mora com a família. As informações são do portal G1.
Para o futuro ministro, a discussão de gênero é um pouco abstrata. “Olha, eu não concordo por uma razão muito simples: quem define gênero é a natureza. É o indivíduo. Então, a discussão da educação de gênero me parece um pouco abstrata, um pouco geral”, declarou.
O próximo titular do MEC citou o exemplo do Canadá, onde esteve em julho visitando parentes. Rodríguez disse que o país decretou a educação de gênero por meio de uma lei federal, mas que as províncias autônomas começaram a discutir o tema localmente e algumas, onde o governo é conservador, derrubaram a norma.
“Então, eu acredito que, quando consultadas, as pessoas onde moram, enxergando o indivíduo, a educação de gênero é um negócio que vem de cima para baixo, de uma forma vertical e não respeita muito as individualidades. A culminância da individualização qual é? A sexualidade. Então, se eu brigo com um indivíduo, vou brigar com a sexualidade e vou querer regulamentar a sociedade por decreto, o que não é bom. Acho que é um tiro fora do alvo”, ponderou.
Nascido na Colômbia
Rodríguez foi anunciado como ministro da Educação pelo presidente eleito na última quinta-feira (22). Nascido na Colômbia e naturalizado brasileiro em 1997, o futuro ministro é autor de mais de 30 obras e, atualmente, é professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
Em carta divulgada na sexta-feira (23), Rodríguez destaca que sua gestão à frente da pasta buscará preservar “valores caros à sociedade brasileira”, que, segundo ele, é “conservadora”.
Crítico dos últimos governos do país, Rodríguez ressaltou que é contra “discriminação de qualquer tipo” e afirmou que, nos últimos anos, a “instrumentalização ideológica da educação” polarizou o debate sobre o tema.
Veja alguns trechos da entrevista:
Escola sem partido
“Eu acho que a doutrinação não é boa para o aluno, nos primeiros anos, no ensino básico, fundamental, tem que ser educado fundamentalmente para integrar-se na sua comunidade, no seu país, que é um país suprapartidário. Não é um partido político que vai fazer com que o menino, o jovem tenha consciência cidadã”, disse.
Enem
“Tem que ser uma prova que avalie realmente os conhecimentos e que não obrigue o aluno a assumir determinada posição com medo de levar pau. Tem muito aluno que me falou: professor, eu tento responder certo, não quero levar pau por isso, porque tento responder o que eu espero que os questionadores querem que eu responda”, detalhou.
Universidade pública
“Eu acho que a universidade pública tem que permanecer pública. Mas com uma gestão eficiente, uma gestão em que o cidadão veja que o que está pagando tem resultado. E nossa estrutura de universidade pública sai quatro, cinco vezes mais cara do que a de uma universidade particular. Precisamos justificar isso perante o eleitorado, que é quem financia”, pontuou.