Queiroga será mais voltado para a “questão da medicina”, diz Bolsonaro
Marcelo Queiroga foi anunciado pelo presidente há uma semana, mas troca oficial no Ministério da Saúde já foi adiada por duas vezes
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (22/3) que a gestão do futuro ministro da Saúde, o médico cardiologista Marcelo Queiroga, será “muito mais voltada para a questão da medicina”.
Por ser militar, o atual ministro, Eduardo Pazuello, vem sendo criticado pela forma como o governo tem conduzido a pandemia no Brasil, que se aproxima dos 300 mil mortos.
Desde que assumiu o comando da Saúde, o general é frequentemente criticado por não ter um “perfil técnico”, sem experiência médica, sendo apenas um “ajudante de ordens de Bolsonaro”, como definem alguns políticos da oposição. O país também enfrenta dificuldades na aquisição de doses da vacina contra a Covid-19.
Durante evento no Palácio do Planalto, nesta tarde, Bolsonaro afirmou ter “orgulho” de Pazuello no trabalho que o general fez “no tocante à vacina”, mas que Queiroga “é um médico experiente”.
“[Queiroga] Vai, obviamente, fazer um segundo tempo de um ministério voltado muito mais, muito mais agora, para a questão da medicina. Mas não temos ainda a cura do vírus. Estamos buscando. Estamos fazendo parcerias com outros países. O Brasil, brevemente, vai fabricar vacina e exportar. Há pouco tínhamos a tecnologia de fazer IFAs. Perdemos a tecnologia com o descaso. Estamos recuperando isso. Daqui a poucos meses vamos ter como ter IFA no Brasil. E seremos exportadores de vacina. Isso é orgulho para nós. Vamos destruir o vírus e não atacar o governo. Não pode essa questão continuar sendo politizada em nosso Brasil”, declarou o presidente.
Demora na nomeação
Marcelo Queiroga foi anunciado por Bolsonaro há exatamente uma semana, mas a troca oficial no Ministério da Saúde já foi adiada por duas vezes. Agora, a expectativa é que as mudanças sejam oficializadas na próxima quinta-feira (25/3).
O atraso ocorre por dois motivos. Um deles é que Queiroga consta como administrador de duas empresas com registro na Receita Federal.
Por lei, servidores públicos estatuários são proibidos de serem sócios-administradores de empresas privadas. No caso de Queiroga, ele é sócio administrador de duas clínicas de cardiologia em João Pessoa (PB). Para assumir o cargo de ministro, é necessário que ele deixe a administração das empresas, embora possa continuar sendo sócio.
De acordo com registros da Receita, Marcelo Queiroga é sócio de três empresas, sendo sócio-administrador das duas últimas: Centro de Cardiologia Não Invasiva da Paraíba; Hemocard Clínica de Cardiologia e Hemodinâmica; e Cardiocenter Centro de Diagnóstico e Tratamento das Doenças Cardiológicas.
Além disso, o atraso para a troca na Saúde se deve também à busca por uma “saída honrosa” para Pazuello. Desgastado, o general pode vir a ocupar outro cargo no governo, mas o martelo ainda não foi batido.
A preocupação em garantir ao militar um cargo no governo é para manter o foro privilegiado, já que Pazuello é alvo de ações por atos temerários ou mesmo ilegais que cometeu como titular da pasta da Saúde.