Queiroga: Discussão sobre cloroquina é “unilateral” e “não contribui”
Ministro reiterou que compete à Conitec definir um protocolo de tratamento de pacientes clínicos da Covid-19
atualizado
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou, nesta terça-feira (8/6), que caberá à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) definir sobre a adoção ou não de remédios sem eficácia comprovada no tratamento hospitalar de pacientes do novo coronavírus.
Na avaliação do titular da pasta, o uso de cloroquina, ivermectina ou hidroxicloroquina na recuperação ou não de pacientes é uma “discussão unilateral” e que “nada contribuem para pôr fim ao caráter pandêmico dessa doença”. Queiroga reafirmou que esses medicamentos não têm eficácia comprovada contra a Covid.
“O que vai pôr fim ao caráter pandêmico dessa doença é ampliar a campanha de vacinação. Então, o meu foco é um, é exclusivo: ampliar a campanha de vacinação no Brasil. E, para isso, eu vou envidar todos os meus esforços”, enfatizou.
Ele defendeu haver uma divisão na comunidade médica sobre o tema. “Essa questão, que espreita o enfrentamento à pandemia desde o início, tem gerado uma forte divisão na classe médica. De um lado, há aqueles como eu, que sou mais vinculado às sociedades científicas, e há o pensamento, do outro lado, dos médicos assistenciais que estão na linha de frente, que relatam casos de sucesso com esses tratamentos”.
“Eles discutem de maneira muito calorosa. A mim, como ministro da Saúde, cabe procurar harmonizar esse contexto, para que tenhamos uma condição mais pacífica na classe médica e possamos avançar”, acrescentou.
Queiroga disse ter adotado a solução legal para resolução da questão. “Eu dei a solução que existe na legislação. A Lei 8.080, um dos regulamentos sanitários mais avançados do mundo, foi complementada com a lei que criou a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. É dela a prerrogativa de elaborar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas”.
Segundo o ministro, a análise será liderada pelo médico Carlos Carvalho, professor titular de Pneumologia da Universidade de São Paulo (USP). “Ele tem trabalhado com outros médicos para apresentar uma proposta de um protocolo clínico, o qual já foi posto em consulta pública, no que tange aos pacientes hospitalizados”, finalizou.
Queiroga presta, nesta manhã, o segundo depoimento ao colegiado. Ele retorna após a primeira oitiva ter sido avaliada pelos senadores como “pouco esclarecedora”. Na ocasião, o ministro tinha pouco tempo de cargo e focou o discurso em promessas e compromissos.
A CPI da Covid tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.