Queiroga critica Doria por promessa de 4ª dose: “Sempre interferindo”
O ministro da Saúde ressaltou que a prioridade da pasta, neste momento, é concluir a terceira dose para impedir propagação da Ômicron
atualizado
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou nesta quarta-feira (9/2) o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por ele ter já falado sobre a quarta dose da vacina contra a Covid-19. Para o ministro, o tucano está sempre interferindo na estratégia de vacinação, que é responsabilidade do Ministério da Saúde.
“Não conversei com o governador sobre isso não. Esse assunto nós já sabemos, não é? O governador de São Paulo e outros chefes de executivos, seja de estado e município, muitas vezes eles interferem no processo decisório a respeito da imunização”, disse Queiroga.
“Às vezes são interferências que são oportunas, mas essas questões devem ser discutidas no âmbito do Ministério da Saúde, que é quem lidera esse processo, até porque é quem tem obrigação de garantir aos brasileiros esse direitos”, reclamou Queiroga.
“Nossa gestão já distribuiu mais de 400 milhões de doses e todas as doses são distribuída pelo Ministério da Saúde. O programa é gerenciado pela Secovid e as doses são entregues conforme decisões técnicas. Então se cada um quiser seguir de uma forma, o que vai acontecer? Quem tem responsabilidade de garantir as doses? Há uma logística de distribuição das doses”, completou.
As afirmações de Doria sobre a aplicação da quarta dose em São Paulo ocorreram pela manhã, em entrevista à rádio Eldorado. Na parte da tarde, no entanto, o próprio governador e membros do governo pediram cautela. Doria e o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmaram que se trata apenas de uma consideração e que o foco atual é completar o esquema vacinal de quem está com a segunda e terceira doses atrasadas.
O ministro também apontou a necessidade de se priorizar, no momento, a aplicação da terceira dose. “Quer saber qual é prioridade? Avançar na dose de reforço. Se avançar na terceira dose, vamos ter mais preparo para enfrentar a variante Ômicron”, destacou.
Efeito cascata
As declarações de Queiroga ocorreram na saída de um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). O ministro informou ainda que foi à Câmara tratar de projetos de interesse do governo, entre eles o PL que define funções e atribuição de profissionais de enfermagem e a legislação sobre planos de saúde, além do tema da telemedicina.
Ao ser questionado se teme um efeito cascata em relação à quarta dose por parte de governadores e prefeitos, o ministro pediu equilíbrio e tranquilidade e respeito à ciência.
“Eu não temo nada, estou preparado para fazer política pública e a gente tem que passar para a sociedade uma mensagem de equilíbrio, de tranquilidade. para avançarmos juntos seguindo a orientação central baseada em evidências científicas de melhor qualidade”. concluiu.