Quebra de sigilo de ex-esposa de Bolsonaro atinge período de casamento
Justiça autorizou acesso a dados bancários de Ana Cristina Valle a partir de maio de 2005. Ela esteve casada com Bolsonaro entre 1997 e 2008
atualizado
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A quebra de sigilo bancário e fiscal de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro, atinge parte do período em que ela esteve casada com Bolsonaro. Ana Cristina é investigada no esquema das “rachadinhas” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando era assessora parlamentar do então enteado.
A Justiça autorizou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acesso aos dados bancários de Ana Cristina no período de maio de 2005 a maio de 2021. Ela e o atual presidente se divorciaram em junho de 2008. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Bolsonaro e Ana Cristina são pais de Jair Renan, de 22 anos. Eles tiveram um divórcio litigioso com acusação de furto e relato de patrimônio não declarado do casal a partir de outubro de 2007.
Nos anos em que os dois estavam casados abrangidos pela decisão, eles também compraram cinco terrenos, uma sala comercial em Resende e uma casa em Bento Ribeiro, zona norte do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que, em duas transações, há indícios de uso de dinheiro vivo, modelo de operação apontado como forma de lavagem de dinheiro na denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
Diferentemente da investigação contra Flávio, não houve pedido de quebra de sigilo das pessoas ou empresas que participaram das operações imobiliárias de Ana Cristina. Tal medida envolveria o presidente e poderia levar a apuração para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além do vereador Carlos Bolsonaro e da ex-esposa do presidente, outras 25 pessoas e sete empresas tiveram os sigilos bancário e fiscal autorizados pela Justiça. O MPRJ limitou o pedido de acesso aos dados em até 16 anos, considerado pelos promotores e pela Justiça como o prazo prescricional dos crimes investigados.
Operadora do esquema
Ana Cristina é investigada pelo MPRJ sob suspeita de ser a operadora financeira do esquema de “rachadinha” no gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio. Ela foi chefe de gabinete do filho do presidente entre 2001 e 2008, além de ter mantido sete parentes nomeados no local até 2018.
A suspeita é que a ex-esposa de Bolsonaro supostamente desempenhava um papel semelhante ao atribuído a Fabrício Queiroz, que teria atuado como operador da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Atualmente, Ana Cristina trabalha como assessora da deputada federal Celina Leão (PP-DF), aliada do governo. Ela também virou alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e foi convocada a explicar sua relação com o lobista Marconny Albernaz de Faria e as mensagens que mostram indicações para cargos no governo.