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PT vai manter estratégia de manter Lula como único candidato

Os dirigentes do partido tentam dar ares de normalidade à candidatura do petista, preso desde o dia 7 de abril em Curitiba

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julgamento de Lula no TRE4 – manifestação SP
1 de 1 julgamento de Lula no TRE4 – manifestação SP - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A direção nacional do PT vai decidir nas próximas semanas sobre a adoção de uma agenda de medidas concretas para manter a pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, afastando assim a discussão sobre um plano “B” para as eleições.

Os dirigentes tentam dar ares de normalidade à candidatura do petista, preso desde o dia 7 de abril e condenado a 12 anos e 1 mês em regime fechado. Como teve a sentença confirmada pelo Tribunal Regional da 4ª região, Lula é considerado inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Desde a semana passada, quando o Supremo Tribunal Federal rejeitou mais um recurso da defesa de Lula e não pautou as ações com as quais podem revisar a prisão após a segunda instância, “caiu a ficha” do PT sobre o fato da estratégia de mobilização popular para pressionar o Judiciário não funcionar — o povo não foi às ruas e Lula deve passar um longo período na cadeia.

Na semana passada, a corrente majoritária do partido Construindo um Novo Brasil (CNB), que preside o PT, decidiu insistir na candidatura de Lula até o fim, mesmo que isso leve a legenda ao isolamento na eleição presidencial. O próprio ex-presidente, em carta, deu o recado: “Se aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo ter cometido um crime”. A ideia é transformar a campanha em um palco para a defesa de Lula. “Só estamos pedindo o direito de seguir apoiando nosso candidato”, disse na sexta-feira (11/5) o ex-ministro Gilberto Carvalho.

Lideranças da CNB vão levar para deliberação da executiva nacional propostas para a criação imediata de dois comitês físicos de pré-campanha em São Paulo e Brasília, agilizar o processo de apresentação das diretrizes do programa de governo, intensificar as conversas com o PR sobre a possibilidade de o empresário Josué Gomes da Silva ser o vice de Lula – o que passaria também pelo processo de convencer o filho do ex-vice-presidente José Alencar aceitar ser registrado – e a definição dos nomes autorizados a representar o ex-presidente em debates e entrevistas.

Por enquanto a única pessoa autorizada a falar em nome de Lula é a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT). São cogitados também os nomes do ex-ministro Luiz Dulci; do presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann; o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad; e o ex-ministro Jaques Wagner. A lista será submetida à cúpula petista e ao próprio Lula nos próximos dias.

Na próxima reunião a executiva nacional do PT vai definir um calendário de lançamentos regionais da pré-campanha. Nesta semana, emissários de Lula irão verificar a possibilidade de Josué ser vice do candidato preso. Ele trocou o MDB pelo PR depois de conversas com Lula e é cortejado por outros pré-candidatos.

Mobilização
Com isso, o PT espera neutralizar também o debate interno sobre a indicação de um vice petista. O partido teme trazer especulações de volta. Segundo Carvalho, a carta de Lula à Gleisi na semana passada “enterra os fantasmas de plano B”.

Em entrevista ao Jornal O Estado de S. Paulo, João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, falou sobre mobilização contra a prisão do ex-presidente Lula. De acordo com João Paulo, é possível mobilizar setores organizados, como médicos, juristas, sem fechar rodovias ou fazer greve.

“O PT não se preparou para este momento. Se preparou para fazer disputa eleitoral e nesse campo continua ativo”, afirma o coordenador, assumindo algumas dificuldades nas estruturas do partido, mas justificando-as pelo tempo longo ao qual está submetida a luta do PT contra a oposição.

Para ele, os movimentos populares se enfraqueceram com o tempo: “Existia uma lógica, não por maldade: o governo resolve e não queremos briga, vamos tentar a conciliação. Aquilo deixou uma marca de falta de mobilização, organização e estruturação dos movimentos muito grande”, conclui.

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