PT destina R$ 4,5 mi a partido que deu votos a impeachment de Dilma
Legenda repassou verba a campanhas do Pros, que compõe coligação com PT e PCdoB. Só Clarissa Garotinho recebeu R$ 700 mil
atualizado
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Antiga fonte de problema para o PT, a união do partido com o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) foi renovada na eleição presidencial deste ano e inclui pagamento de despesas elevadas na campanha do aliado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo a reportagem, o diretório nacional do PT consta como doador de campanhas eleitorais de 15 candidatas do Pros, “legenda conhecida pelo perfil fisiológico e que costuma formar alianças com partidos das mais variadas vertentes”.
Uma das beneficiadas no Pros foi a deputada federal Clarissa Garotinho – filha dos ex-governadores do Rio Rosinha e Anthony Garotinho –, que tenta a reeleição.
O total de repasses pelo PT ao Pros soma R$ 4,5 milhões. E só há mulheres entre as candidaturas beneficiadas. Neste ano, com a instituição do financiamento de campanha com recursos públicos, os partidos são obrigados a destinar pelo menos 30% dos recursos do fundo eleitoral para candidaturas femininas.
Clarissa Garotinho recebeu R$ 700 mil do diretório nacional petista, valor elevado para os padrões dessa eleição e não muito distante dos destinados a veteranos do PT para a corrida por uma vaga na Câmara. O ex-ministro da Saúde petista Alexandre Padilha, por exemplo, recebeu até agora R$ 507 mil do partido para sua campanha a deputado federal por São Paulo.
Nomes sem expressão do Pros, como Maria Clara Azevedo (candidata a deputada estadual em Minas) e Maria de Lourdes Vinagre (que concorre a deputada estadual na Paraíba), receberam, respectivamente, R$ 570 mil e R$ 500 mil.
O Pros é o único aliado do PT, além do PCdoB, e garante um reforço no tempo de TV da eleição presidencial.
Aliado incômodo
Integrante da chapa que elegeu Dilma Rousseff em 2014, a sigla se tornou um aliado incômodo: quatro de seus seis deputados votaram a favor do impeachment da ex-presidente na Câmara, em 2016.
A aliança firmada quatro anos atrás virou alvo das delações da empreiteira Odebrecht e de executivos da JBS. Um dos delatores da empreiteira afirmou a investigadores que repassou dinheiro vivo ao Pros como parte de um acordo com o PT para a compra de tempo de televisão.