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PT adota cautela sobre ameaças às eleições para não se queimar com militares

Internamente, bancada entende que eventual golpe só tem apoio na cúpula militar palaciana, e “reação à altura” prejudicaria Lula em 2022

atualizado

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Militares Planalto
1 de 1 Militares Planalto - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Deputados e senadores do PT divergem sobre o tom que deve ser adotado pelo partido para reagir às supostas ameaças do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de que não haverá a realização das eleições em 2022 caso o voto impresso não ande no Congresso Nacional.

Em reunião convocada às pressas, a bancada discutiu de que forma responderia à reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo relatando um “recado” que teria sido dado por Braga Netto, via interlocutor, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Do encontro, havia a expectativa de que o PT divulgasse uma nota unificada com o posicionamento do partido em relação ao caso. Isso não ocorreu em razão do impasse interno mas também não impediu os parlamentares de se pronunciarem de forma individualizada, como fizeram a presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e outros deputados.

Ao Metrópoles, interlocutores da legenda afirmaram que parte minoritária dos parlamentares defende uma “resposta à altura” da gravidade das supostas ameaças. Outra ala, majoritária, no entanto, foi a favor de que o partido adotasse cautela em seu posicionamento público sobre a denúncia. E assim foi feito.

Houve reações, mas individualizadas, não partidárias. Os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP) e Elvino Bohn Gass (PT-RS), líder do partido na Câmara, protocolaram, na sexta-feira (23/7), no Supremo Tribunal Federal (STF), uma notícia-crime contra Braga Netto.

Na avaliação dos mais cautelosos, manifestações acaloradas, neste momento, só ajudariam a tensionar ainda mais a disputa eleitoral do ano que vem. Além disso, contribuiria para desestabilizar a já instável relação entre o partido e os militares, com quem viram as boas relações desandarem a partir da instalação da Comissão da Verdade, no governo Dilma.

Internamente, há o entendimento de que um dos objetivos do PT hoje é demover o apoio dos militares do principal concorrente de Lula em 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Isso, para os interlocutores, só seria dificultado em caso de um posicionamento mais “incendiário”.

Um dos petistas a optar pela cautela foi justamente Lula. Cada vez mais ativo nas redes sociais, o candidato presidencial do partido não comentou as ameaças por entender que rivalizar com o ministro da Defesa não seria positivo para reconquistar o apoio das Forças Armadas, como contou o colunista Igor Gadelha.

Outra conclusão da reunião foi que o apoio a um possível golpe nas eleições de 2022 só encontra respaldo na cúpula militar do Palácio do Planalto e não é algo que chega a contaminar outros generais e comandantes militares.

O PT não acredita no apoio da maioria dos militares a um golpe, e, por isso, busca “não incendiar” a relação entre as partes. Tratar as Forças Armadas como “golpistas”, de forma generalizada, teria somente o efeito de enfraquecer a avaliação do PT junto aos militares, fortalecendo Bolsonaro.

O interlocutor

Além de Lula, outro personagem importante na discussão do encontro foi o senador Jaques Wagner (BA). Ministro da Defesa no governo Dilma, o parlamentar baiano tem centralizado as discussões internas sobre as Forças Armadas.

Jaques Wagner tem bom trânsito com os militares. Uma das avaliações positivas é que ele conseguiu evitar que a instalação da Comissão da Verdade – destinada a investigar violações aos direitos humanos durante a ditadura militar – provocasse uma eventual ruptura entre as Forças Armadas e o Executivo, mesmo com resistência dos militares ao grupo.

A linha majoritária, que defende uma reação mais amena ao episódio de Braga Netto, entende que o endosso de comandantes militares ao impeachment de Dilma e, consequentemente, a ascensão de Michel Temer ao poder, só ocorreu entre os integrantes das forças que eram contrários à instalação da comissão e que, inflados pela direita, apoiaram a saída da petista do poder.

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