PSol cresce 48% no governo Bolsonaro, mas ainda é nanico frente ao PT
Partido foi a sigla de esquerda que mais ganhou filiados desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL)
atualizado
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O Partido Socialismo e Liberdade (PSol) foi a sigla de esquerda que mais ganhou filiados durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde janeiro de 2019, a legenda filiou mais 71,5 mil eleitores.
Na prática, o PSol cresceu 47,7% nesse período, atrás apenas de Patriota (313%) e Podemos (144%) – os dois partidos, no entanto, tiveram incorporações de outras siglas, PRP e PHS, respectivamente, em 2019.
Apesar do forte crescimento recente, o PSol ainda é menor frente a outras legendas da esquerda.
O PT, o segundo maior partido do país, atrás apenas do MDB, alcançou no governo Bolsonaro, pela primeira vez, a marca de 1,6 milhão de eleitores filiados. O PDT tem 1,1 milhão; PSB, 635 mil e; PCdoB, 409 mil.
Já o PSol tem 221 mil filiados, e é apenas o 22º do ranking geral.
Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Metrópoles, com informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem considerou a quantidade de filiados em dezembro de cada ano.
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A cientista política Luciana Santana, das universidades federais de Alagoas (Ufal) e do Piauí (UFPI), avalia que o crescimento de filiados ao PSol é uma forma “mais independente” de o eleitor defender determinadas pautas.
“O PT é um partido mais governista quando tem essa oportunidade. Quando a gente olha inclusive as pautas que foram votadas no Congresso, em alguns momentos o PT voltou junto ao governo, enquanto PSol, Rede e outros partidos se posicionaram de outra maneira”, destaca a especialista.
“Então, o crescimento tem a ver com pessoas que querem se engajar, mas tem um pezinho atrás sobre o PT”, completa.
Os dados mostram também que o PSol tem filiados mais jovens que o PT. Cerca de 32% dos associados ao partido de Guilherme Boulos têm entre 16 e 35 anos. Essa taxa é de apenas 10% no caso dos petistas.
Professor da FGV, o cientista político Marco Antonio Teixeira acrescenta que o PSol vem tendo bons desempenhos sobretudo em eleições locais.
Nas eleições municipais de 2020, o partido aumentou em 50% o número de mandatos parlamentares eleitos para as Câmaras Municipais de todas as capitais. Em 2016, o PSol elegeu 22 vereadores. Esse número saltou para 33 nas eleições do ano passado.
“O caso do Guilherme Boulos, nas eleições para prefeito de São Paulo e até mesmo como candidato a presidente [em 2018], trouxe ao PSol uma certa repercussão”, afirma Teixeira.
Ao conquistar 86,2 mil votos, o vereador Tarcísio Motta (PSol) desbancou Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho 02 do presidente Jair Bolsonaro, e foi o mais votado para a Câmara Municipal do Rio.
“Além disso, o PSol tem sido um partido de oposição muito atuante. Um filiado mais engajado, mais ativo. Lembra muito o PT do seu nascedouro; tem uma capacidade muito grande de fazer oposição parlamentar”, afirma o professor da FGV.
Ao avaliar a alta de filiados, a secretária de Organização do PSol, Paula Coradi, explica que a legenda é “dinâmica, combativa, jovem e que abraçou pautas muito importantes para uma nova geração de ativistas, como a defesa da luta das mulheres, negros e negras, indígenas, da população LGBTQIA+ e do ecossocialismo”.
“Por isso, somos hoje o partido da esquerda que mais cresce”, acrescenta.