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PSL quer eleger pelo menos 30 deputados e deixar de ser nanico

Puxado pelo efeito Bolsonaro, sigla desponta como 2ª na preferência do eleitor. Segundo especialistas, eles desconhecem ideologia do partido

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A filiação de Jair Bolsonaro ao Partido Social Liberal (PSL) em março de 2018 alçou a modesta sigla a um patamar no cenário político até então pouco provável. Impulsionado pela candidatura do militar da reserva ao Palácio do Planalto, o PSL – que havia eleito somente um deputado federal em 2014 – passou a sonhar em colocar não somente a faixa presidencial em seu representante como também mudar de vez o status de nanico, elegendo entre 30 e 50 deputados federais e ao menos dois senadores.

Líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro testará essa capacidade nas eleições de outubro junto aos seus discípulos. O ex-paraquedista do Exército Brasileiro já provocou uma enxurrada de adesões na sigla desde a sua chegada. Foram 13,6 mil filiações no primeiro semestre deste ano segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), número quatro vezes maior do que segundo colocado nesse quesito, o Partido dos Trabalhadores (PT), com pouco mais de 3 mil adesões. Assim, o PSL corresponde a 14% dos registros feitos entre junho e julho de 2018.

Nessa linha, candidatos como os filhos do presidenciável, Eduardo e Flávio, que postulam a Câmara dos Deputados e o Senado, respectivamente, despontam bem nas pesquisas e têm grandes chances de exercerem mandato pelos próximos quatro anos. Em São Paulo, o deputado federal Major Olímpio também briga por uma das duas vagas do estado para o Senado. Ele, pelo estado paulista, e Flávio, entre os cariocas, são os candidatos mais viáveis do PSL.

“Visão liberal”
Para a Câmara dos Deputados, o PSL confia fazer entre 30 e 50 deputados, este num cenário mais otimista. Segundo o Major Olímpio, São Paulo terá entre seis e oito representantes, puxados pelos votos de Eduardo Bolsonaro, o qual ele acredita que irá bater um milhão de votos. “Estamos trabalhando para ter 10% da bancada do estado”, afirma Olímpio. Delegado Waldir (GO) e Marcelo Dias (MG) são outros nomes dados como certo pela sigla na votação de 7 de outubro.

“Acredito que vamos ter uma bancada boa e razoável, uma grande base. Todo esse crescimento do partido se deve ao Jair Bolsonaro. É uma sigla com linha definida, que não está envolvida na Lava Jato, a favor da economia de mercado, com visão liberal e sem coligações espúrias”, aposta Luciano Bivar, fundador, presidente licenciado e candidato a deputado federal pelo PSL-PE.

Bivar evita cravar um número de deputados e senadores com possibilidade de eleição em outubro, mas calcula – em avaliação mais modesta – pelo menos 20 deputados do PSL trabalhando na Casa Legislativa pelos próximos quatro anos.

Preferência de 5% do eleitorado
Além das siglas PSL e PRTB, que formam a coligação de Bolsonaro, chamada Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, um eventual governo do militar da reserva contaria com o apoio de parlamentares e outras siglas como o Partido Republicano Progressista (PRP), Democratas (DEM), Solidariedade (SD) entre outros, principalmente os ligados à chamada bancada BBB (Boi, bíblia e bala).

Independentemente do resultado nas urnas, o PSL tem feitos a comemorar e ir confiante para a votação em 7 de outubro. Pesquisa divulgada pelo Ibope em setembro mostra que o partido é o segundo colocado no quesito preferência ou simpatia do eleitor. As 2002 pessoas consultadas pelo instituto declararam 5% de preferência pela sigla, atrás somente do Partido dos Trabalhadores, com 24%, e à frente de tradicionais como PSB (2%), MDB (2%) e PDT (2%), por exemplo.

Essa fidelidade e conhecimento sobre a sigla  trazem outro número positivo, também fruto de pesquisa do Ibope. Em estados como São PauloRio de JaneiroMinas Gerais e no Distrito Federal, pelo menos 40% dos entrevistados disseram saber o número do PSL, o 17. Esse percentual só é atingido por eleitores do PT, que conseguem lembrar facilmente do 13 (em alguns casos 65% dos consultados), mas nem de longe é uma percepção dos eleitores do PDT e da Rede, com dificuldade para associar o 12 aos pedetistas e o número 18 a Marina Silva.

Divulgação/ADVBPE
Luciano Bivar, presidente licenciado do PSL, confia em “base boa” no Congresso

Impacto da legenda
Especialistas políticos ponderam o otimismo dos pesselistas e enxergam uma nuvem sobre as pretensões do partido. Eles confiam em um crescimento da sigla, mas evitam afirmar que o presidenciável terá uma base confortável no Congresso se eleito. “Talvez os candidatos que tenham proximidade e visibilidade junto a Bolsonaro possam ganhar votos por associação. O voto de legenda pode impulsionar o PSL, mas, em que medida, isso não está claro”, avalia o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Everaldo Moraes.

Para Daniel Falcão, advogado e professor com especialização em marketing político do Boaventura Turbay Advogados, o PSL tem tudo para se tornar um partido médio. “Ter o Bolsonaro e outras figuras populares vai fazer com que o partido consiga um número de deputados razoavelmente relevante. Nanico ele não será mais”, avalia.

Falcão acredita também que o voto da legenda – aquele destinado ao partido e não a um candidato específico – não está sendo bem aproveitado pelo PSL. “Se fosse o marqueteiro do partido eu ‘bombaria’ a imagem do Bolsonaro o tempo inteiro. Não só para a votação presidencial como para as eleições de deputados estaduais, distritais e federais. Não estou sentindo esse tipo de trabalho. Foi tanta gente [se filiando ao partido] que talvez eles não tenham conseguido criar uma estrutura e organização mínima e, portanto, aproveitarem a imagem de Bolsonaro nas proporcionais”, acrescenta.

Ideologia
Independentemente dos espectros progressista, conservador ou liberal, comumente utilizados em rodas de conversa e grupos para definir a ideologia dos partidos e seus representantes, especialistas cravam que os eleitores de Jair Bolsonaro desconhecem as ideias por trás do PSL.

Fundado em outubro de 1994 e registrado em junho de 1998, o PSL nasceu sob a presidência do candidato a deputado federal por Pernambuco e ex-dirigente do Sport Club de Recife Luciano Bivar. Inicialmente enraizado na ideologia social-liberal, com estado reduzido na área econômica, mas fortalecido para a saúde, educação e segurança, o PSL passou a abraçar pautas mais conservadoras. Essa guinada na agenda da sigla levou a um desentendimento interno e desfiliações.

Não está totalmente clara a ideologia do PSL. É liberal como o guru da economia [Paulo Guedes], está mais para o conservadorismo visto nos discursos do presidenciável ou é apenas uma legenda de aluguel à mercê das conveniências do momento?

cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Everaldo Moraes

Daniel Falcão vai além e diz: “Os eleitores não têm a menor noção do que é o PSL. Vão votar no partido devido à figura do Bolsonaro. Se olharmos o histórico do PSL estava em um movimento para se tornar um partido liberal com o Novo e isso foi diametralmente alterado. Se tornou um partido comum com uma liderança fortíssima”, acredita.

Bivar discorda da comparação com o Novo. Segundo o presidente licenciado da legenda, o partido diminui os conflitos internos com a chegada do deputado federal para concorrer ao Planalto e o PSL manteve suas raízes. “O Novo é apenas na fala. Que partido faz política sem ter político. Como faz? Estou há 20 anos [no PSL] e o Bolsonaro veio dar voz ao que pensamos e construímos nos últimas décadas”, diz.

Nos estados
Além do Congresso, o PSL tenta pegar carona na popularidade de Bolsonaro para se expandir nos estados. Se em 2014 a sigla lançou um único candidato, em 2018 tentará a sorte com 13 postulantes aos governos, desde pecuaristas e engenheiros passando por militares, advogados e empresários.

Dos 13 nomes lançados pela sigla, três são militares: Ulysses Araújo e Marcos Rocha, coronéis da Polícia Militar do Acre e Rondônia, respectivamente, e Carlos Moisés da Silva, comandante da reserva do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. Eles chegam para fortalecer a ligação de Bolsonaro com os quartéis. Já o policial federal e ex-promotor de Justiça César Simoni será a personificação do presidenciável em Tocantins.

Quem são os candidatos a governador lançados pelo PSL em 2018

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<strong>Alagoas:</strong> o estado também dará palanque a Jair Bolsonaro. O nome que concorrerá ao Palácio Floriano Peixoto é Josan Leite Pereira Barros, 48 anos. Engenheiro que um dia foi líder estudantil e ocupou cargo de diretor do Clube de Engenharia do estado, ele precisará de um desempenho melhor do que quando tentou ser vereador, em 2016. Na ocasião, obteve 2.033 votos, ficando na 51ª colocação e sem uma cadeira na Câmara  Municipal de Alagoas
<strong>Amapá:</strong> nascido na capital, Macapá, o servidor público Antonio Cirilo Fernandes Borges, 51 anos, foi candidato, entre 2008 e 2014, a vereador (PSol e PTB), deputado federal (PTB) e estadual (PPS). Não conseguiu se eleger em nenhuma das vezes. Cirilo Fernandes é formado em administração, com especialização em formação política para cristãos pela PUC-RJ.  
 
No estado, terá a forte concorrência do atual governador e candidato à reeleição, Waldez Goés, (PDT) e do senador João Capiberibe (PSB)
<strong>Ceará: </strong>mestre em direito internacional pela Universidade de  Heidelberg, na Alemanha, o advogado e professor Hélio Góis, 45 anos, dará apoio a Jair Bolsonaro em uma capital que, desde 2007, é comandada por partidos progressistas, como PSB e PT, além de ser um reduto dos irmãos pedetistas Ciro e Cid Gomes. Hélio Góis tem como pilares: fortalecimento da família, ampliação do tamanho da iniciativa privada no estado e redução dos impostos
<strong>Espírito Santo:</strong>o deputado federal Carlos Manato, 61 anos, será uma das vozes de Jair Bolsonaro no Espírito Santo. Formado em medicina, Manato tem especialização em ginecologia e obstetrícia. Atua como parlamentar na Câmara há quatro mandatos. No Congresso, o político votou favoravelmente a PEC do Teto dos Gastos públicos, ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) e ao processo de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. Ele ainda se posicionou contrariamente à reforma trabalhista
<strong>Maranhão:</strong> famoso por ser um reduto da família Sarney, no Maranhão a voz do PSL é Maura Jorge Alves de Melo Ribeiro. A advogada de 55 anos foi deputada estadual pelo PFL por quatro mandatos e conseguiu também uma vaga quando integrava o PDT. Ela sofreu investigação por peculato e improbidade administrativa, sendo absolvida em ambos os casos. Maura Jorge já foi prefeita de Lago da Pedra, município onde nasceu
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Acre: o coronel Ulysses Freitas Pereira de Araújo, 45 anos, é o nome do PSL para concorrer ao governo. O militar, que chegou a ocupar o posto de subcomandante da PM-AC, tem como desafio derrubar as sucessivas gestões petistas no estado, vitoriosas há 20 anos. Ulysses é formado em direito pela Universidade Federal do Acre (Ufac), bacharel em Segurança Pública e Defesa Social pela Universidade Estadual do Pará (UEPA) e pós-graduado pela Universidade Cândido Mariano em Direito Civil, Direito Penal e Processual Militar. Ele também possui especializações diversas em países como Israel, Estados Unidos, França e Itália

Divulgação/PSL
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Alagoas: o estado também dará palanque a Jair Bolsonaro. O nome que concorrerá ao Palácio Floriano Peixoto é Josan Leite Pereira Barros, 48 anos. Engenheiro que um dia foi líder estudantil e ocupou cargo de diretor do Clube de Engenharia do estado, ele precisará de um desempenho melhor do que quando tentou ser vereador, em 2016. Na ocasião, obteve 2.033 votos, ficando na 51ª colocação e sem uma cadeira na Câmara Municipal de Alagoas

Arquivo Pessoal
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Amapá: nascido na capital, Macapá, o servidor público Antonio Cirilo Fernandes Borges, 51 anos, foi candidato, entre 2008 e 2014, a vereador (PSol e PTB), deputado federal (PTB) e estadual (PPS). Não conseguiu se eleger em nenhuma das vezes. Cirilo Fernandes é formado em administração, com especialização em formação política para cristãos pela PUC-RJ. No estado, terá a forte concorrência do atual governador e candidato à reeleição, Waldez Goés, (PDT) e do senador João Capiberibe (PSB)

Divulgação
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Ceará: mestre em direito internacional pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, o advogado e professor Hélio Góis, 45 anos, dará apoio a Jair Bolsonaro em uma capital que, desde 2007, é comandada por partidos progressistas, como PSB e PT, além de ser um reduto dos irmãos pedetistas Ciro e Cid Gomes. Hélio Góis tem como pilares: fortalecimento da família, ampliação do tamanho da iniciativa privada no estado e redução dos impostos

Arquivo pessoal
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Espírito Santo:o deputado federal Carlos Manato, 61 anos, será uma das vozes de Jair Bolsonaro no Espírito Santo. Formado em medicina, Manato tem especialização em ginecologia e obstetrícia. Atua como parlamentar na Câmara há quatro mandatos. No Congresso, o político votou favoravelmente a PEC do Teto dos Gastos públicos, ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) e ao processo de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. Ele ainda se posicionou contrariamente à reforma trabalhista

Wilson Dias/Agência Brasil
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Maranhão: famoso por ser um reduto da família Sarney, no Maranhão a voz do PSL é Maura Jorge Alves de Melo Ribeiro. A advogada de 55 anos foi deputada estadual pelo PFL por quatro mandatos e conseguiu também uma vaga quando integrava o PDT. Ela sofreu investigação por peculato e improbidade administrativa, sendo absolvida em ambos os casos. Maura Jorge já foi prefeita de Lago da Pedra, município onde nasceu

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Paraná: advogado, Ogier Alberge Buchi, 67, anos, será um dos braços do militar reformado no estado do Paraná. Ele foi candidato ao governo em 2014 pelo PRP, somando 50.446 votos, o equivalente a 0,85% do total. Buchi é apresentador de TV e atuou como diretor de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Um nome que fortalece a sua candidatura e a de Bolsonaro no estado é a do deputado federal Delegado Francischini, que tentará o Senado em 2018

Divulgação
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Piauí: empresário e jornalista, Fábio Sérvio, 39 anos, afirma em seu site oficial que, ao lado de Jair Bolsonaro, defende valores conservadores e da “direita”. Diz que é perseguido no estado, “dominado” pelo Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2003. “O Piauí é a Venezuela do Brasil, experiência máxima do PT no Brasil”, ataca o candidato. Sobre Bolsonaro, ele afirma: “Inaugura no país uma nova forma de fazer política, sem maquiagem, de posicionamento simples e falando não o que a população quer, mas precisa”

Arquivo pessoal
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Rondônia: outro militar confirmado no palanque de Jair Bolsonaro é o coronel da Polícia Militar de Rondônia Marcos Rocha. Carioca, ele dirigiu a Escola Militar Tiradentes, em Porto Velho, e também foi secretário municipal de educação. O coronel também chegou a ocupar o cargo de secretário estadual de Justiça

Divulgação/Sejus
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Roraima: o pecuarista goiano Antonio Oliverio Garcia de Almeida, 54 anos, será o porta-voz de Jair Bolsonaro em Roraima. Antonio Denarium, como é conhecido, gere atividades no setor de agronecócios, na criação de bovinos e no setor imobiliário. Ele também foi gerente do extinto banco Bamerindus em Roraima

Divulgação/PSL
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Divulgação/PSL
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Sergipe: derrotado nas eleições para prefeito de Aracaju em 2016, pelo PMN, e a deputado estadual (PV) em 2010, o empresário e comerciante João Tarantella, 56 anos, tentará novamente um cargo eletivo

Divulgação
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Tocantins: formado em direito, e policial federal em Brasília, César Roberto Simoni, 59 anos, é o nome do PSL para o governo do Estado do Tocantins. Em sua primeira eleição, o policial reformado e ex-promotor de Justiça tentará brigar por espaço

Arquivo pessoal

 


 

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