PSDB e DEM vão esperar o Supremo para decidir apoio a Temer
Os dois partidos avaliam uma saída alternativa para a crise política, com a construção de um nome de consenso para substituir o presidente
atualizado
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As cúpulas do PSDB e do DEM resolveram dar mais um prazo para Michel Temer e agora aguardam o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de suspensão do inquérito contra o presidente, na quarta-feira, para decidir se mantêm ou retiram o apoio ao governo. Nos bastidores, os dois partidos já avaliam uma saída alternativa para a crise política, com a construção de um nome de consenso para substituir Temer, caso a situação fique insustentável e haja eleição indireta.
O problema é que ainda não há acordo sobre quem seria o “salvador” da Pátria. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), havia marcado uma reunião para domingo (21/5), em Brasília, com dirigentes e líderes de seu partido e também do DEM e do PPS para discutir a agonia de Temer após a delação da JBS. Ministros entraram em campo, porém, para pedir que o encontro fosse adiado.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para Temer no Sábado (20) e lhe prestou solidariedade. Dois dias após ter publicado texto nas redes sociais no qual disse que os envolvidos na delação da JBS “terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia”, se suas defesas não forem convincentes, FHC disse ao presidente ter sido mal interpretado.
O PSDB e o DEM são hoje os pilares da coalizão, depois do PMDB. A preocupação maior no governo, porém, é com a legenda tucana. O Planalto passou as últimas 48 horas monitorando o comportamento do partido e se movimentando para impedi-lo de deixar a base de sustentação de Temer. A avaliação é de que, se isso ocorrer, será o fim da gestão peemedebista.
Dirigentes tucanos asseguraram a Temer que não tomarão decisão precipitada, mas admitiram que a pressão para o desembarque, principalmente da ala jovem — os chamados “cabeças pretas” –, é muito forte. Internamente, os tucanos ainda se queixam de que não sabem como administrar o impacto da crise sobre o agora senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
Impasse
A direção do PSDB do Rio divulgou no domingo nota pedindo a renúncia ou o impeachment de Temer e a saída dos quatro ministros tucanos do governo. A seção fluminense do partido, no entanto, só tem um deputado federal — Otávio Leite, presidente da legenda no Estado — e nenhum senador.
“Qualquer solução fora da Constituição não seria solução, e sim um problema. O Brasil pede que todos os fatos sejam apurados com rigor”, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos pré-candidatos do PSDB ao Planalto. “Estamos ouvindo que as bases e a decisão sobre permanecer ou não no governo será tomada pela Executiva, em conjunto com as bancadas e os governadores”, emendou o deputado Sílvio Torres (SP), secretário-geral da legenda.
À reportagem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse não ter informações sobre ameaça de debandada no PSDB e no DEM. “Os dois partidos estão firmes e fortes na base do governo”, afirmou ele.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) precisou fazer ontem, porém, uma operação “segura base” para pedir apoio a Temer. “Conclamamos os aliados para continuarmos acelerando as reformas. A cereja do bolo é a Previdência e tem de ser perseguida, mas, se não chegar, paciência. Ficará para a próxima gestão”, disse.
Na prática, as conversas sobre a possível substituição de Temer estão sendo feitas com cautela. Se ele renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumirá o cargo por 30 dias. Depois desse prazo é realizada eleição indireta pelo Congresso.
Até o momento, PSB — sétima maior bancada na Câmara, com 35 deputados — e Podemos (antigo PTN) já anunciaram o rompimento com o Planalto. Na ofensiva para conter a saída de parlamentares aliados, o governo também busca manter a agenda de votações no Congresso Nacional e indicar que a pauta das reformas, principalmente a trabalhista e a da Previdência, será retomada.
Apesar da alta temperatura da crise política, movimentos ligados à esquerda fizeram atos esvaziados no domingo pelo País. As manifestações nas ruas a favor da renúncia e de eleições diretas não chegaram a ter dimensão que abalasse o Planalto.