PSDB aguarda relator de denúncia contra Temer se licenciar da sigla

Em meio às divisões internas na bancada tucana sobre a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), o relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara,  deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), deverá se licenciar do PSDB enquanto ocupar a função na comissão. A expectativa dos dirigentes da sigla é receber, ainda nesta quarta-feira (4/10), uma carta do parlamentar pedindo o afastamento, o que não tinha ocorrido até a última atualização desta matéria. Do contrário, o próprio comando tucano pretende substituir Andrada por outro integrante da sigla na CCJ.

A ideia é que Andrada continue na relatoria e como membro suplente da comissão, mas sem representar formalmente o PSDB. A licença seria uma saída proposta pela liderança da legenda para acalmar os ânimos dos deputados que criticaram a escolha de um parlamentar do partido para a relatoria do caso. A decisão foi do presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).

Os tucanos votaram divididos – tanto na comissão quanto em plenário – durante a apreciação da primeira denúncia contra Temer na Câmara, no início do semestre. Agora, é forte a pressão, especialmente dos integrantes mais jovens, para que o PSDB se posicione formalmente a favor da continuidade das investigações contra o presidente e, inclusive, deixe a base de apoio do governo federal no Congresso.

O secretário-geral do partido, deputado Silvio Torres (SP), confirmou que Andrada vai se licenciar do partido para manter a relatoria na CCJ. Segundo Torres, a licença foi proposta pelo líder da bancada tucana, Ricardo Tripoli (SP).

É uma solução meia-sola, o ideal era que ele não fosse o relator. Mas o presidente da CCJ (Rodrigo Pacheco) fez uma escolha pessoal e ele (Andrada) aceitou em decisão pessoal também.

Deputado Sílvio Torres, secretário-geral do PSDB

A alternativa foi tomada um dia após reunião entre os membros da bancada do PSDB na Câmara. Na ocasião, o líder Ricardo Tripoli disse “torcer” para que Andrada desistisse por conta própria da relatoria ou “todas as alternativas seriam possíveis”.

Sem a confirmação do afastamento do relator de seu partido, o presidente da CCJ afirmou que consultará o regimento da Casa sobre um eventual licenciamento. “Ele permanece membro ativo da Comissão de Constituição e Justiça e filiado ao partido, só em eventual licença. Então, creio que isso não o impediria de ser relator”, comentou Rodrigo Pacheco.

“Sem pressão”
Desde a confirmação de Bonifácio de Andrada na relatoria da segunda denúncia contra Michel Temer, na última quinta-feira (28/9), dirigentes e lideranças do PSDB têm mantido conversas com o parlamentar na tentativa de fazê-lo desistir do cargo. Decano da Câmara e bastante diplomático, o deputado federal, que cumpre o 10º mandato, nega sofrer pressões.

“Não sei de pressão nenhuma. O que eu conheço aqui é o meu diálogo com o presidente da CCJ. Se houver pressão, que vá para o lado dele. Do meu lado, não tem”, garantiu. “Só conversam comigo de maneira muito civilizada”, completou.

A previsão é que o relator entregue seu parecer na próxima semana, quando os trabalhos da CCJ serão retomados e a denúncia contra Michel Temer e seus ministros, analisada.

(Com informações da Agência Estado)