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Provocação faz Bolsonaro recuar: “Vai trocar Moro por Fraga?”

Presidente pediu ao presidente em exercício que chamasse Moro ao Planalto para acalmar os ânimos

atualizado

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu recuar de desmembrar o ministério comandado por Sergio Moro depois de receber uma enxurrada de críticas no celular, enquanto estava a caminho da Índia, onde faz visita oficial. “Vai trocar Moro por Fraga?”, foi pergunta recorrente dos “amigos” no WhatsApp.

Alberto Fraga, ex-deputado federal, amigo e interlocutor do presidente questionou, em entrevista ao Estado, o trabalho de Moro à frente da área de segurança pública. Para um interlocutor direto do presidente ouvido pelo Estado, que prefere não se identificar, durante o voo, o presidente compreendeu a confusão que criou e decidiu retificar o que havia dito.

Em outro gesto, Bolsonaro pediu ao presidente em exercício que chamasse Moro ao Planalto para acalmar os ânimos. Moro esteve lá na manhã desta sexta-feira (24/01/2020) e saiu sem falar com a imprensa.

No entorno de Moro, a análise foi de que Bolsonaro quis dar uma “alfinetada” no ministro pela participação no programa Roda Vida, da TV Cultura, para ficar claro que é ele quem manda. O presidente não gostou de Moro ter dito que tem “carta branca” e ter desempenhado um papel considerado como de candidato.

Para assessores de Bolsonaro, o ministro também não defendeu o presidente com “ênfase esperada” das “críticas” feitas ao presidente.

O recado ganhou contornos mais “oficiais”, no entanto, quando o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, deu entrevista confirmando que o governo estudava a divisão do ministério, o que enfraqueceria Moro. O que era considerada só uma “alfinetada” passou a ser percebido como uma medida protocolar quando anunciada pelo responsável pela análise jurídica do governo.

Interlocutores de Moro analisam que a fala de Bolsonaro pode ser entendida de duas formas: pelo desempenho dele à frente da área de segurança pública ou apenas para o presidente marcar posição de que ele é quem manda.

A estratégia do presidente é a mesma: ele lança uma ideia, fica “incomunicável” por um tempo (neste caso, por causa da viagem para a Índia) para “ver para onde o vento vai”. Diante das repercussões negativas dentro e fora do governo, Bolsonaro vem a público e tenta “minimizar os danos”.

O que ainda desagrada aliados do presidente é que Bolsonaro recuou, assim que desembarcou na Índia, ao dizer que “em time que está ganhando não se mexe”, mas deixou no ar a frase de que por enquanto o desmembramento tem “chance zero“, mas que, “na política, tudo muda”.

Caso leve adiante a ideia de recriar o Ministério da Segurança Pública, não há dúvidas em torno de Moro de que ele deixará o governo. Essa é umas principais bandeiras do ministro, que fez seguidos anúncios de redução de índices de criminalidade no país.

Moro não foi convidado para a reunião com os secretário estaduais de segurança, que foram “surpreendidos” com o fato de o presidente ter “pinçado” o tema da recriação do Ministério da Segurança.

Antes da reunião, às 7h, ainda no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, ele recebeu o secretário de segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi conversar especificamente sobre o tema. No encontro de secretários, também foi dito que os representantes dos estados de São Paulo e Minas Gerais se posicionaram contra a recriação do ministério.

Torres, que é da Polícia Federal, é muito ligado ao ministro Jorge Oliveira, que tem assento no Planalto. Já teve seu nome ventilado para ir para o comando da Polícia Federal no ano passado, quando se falava na troca de saída de Maurício Valeixo, em mais um processo de tentativa de enfraquecimento de Moro.

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