Pros: ala de Eurípedes acusa rivais de falsificar assinaturas
Partido é palco de intensa disputa pelo comando desde meados de janeiro, quando presidente foi afastado. Caso é discutido na Justiça
atualizado
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Em mais um capítulo da guerra interna no Partido Republicano da Ordem Social (Pros), a ala ligada ao presidente e fundador da sigla, Eurípedes Júnior, vai denunciar nesta terça-feira (04/02/2020) à Polícia Civil do DF os dissidentes que tentaram tomar o comando da legenda sob a acusação de falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
A acusação tem por base uma perícia encomendada pela direção – a original – do Pros, que encontrou quatro assinaturas com indícios de falsificação na ata de um reunião realizada no dia 11 de janeiro, na qual Eurípedes e seus aliados foram destituídos.
“Essa reunião foi uma farsa, como estamos provando na Justiça. Uma das pessoas que teoricamente esteve lá e assinou a ata, entre aspas, estava na Bahia no dia e fez postagens no Instagram”, afirma o advogado Bruno Pena, que trabalha para o partido.
Além de fazer a denúncia para a polícia, a perícia será juntada ao processo que corre na 15ª Vara Cível de Brasília e deve dar a decisão final sobre quem comanda o Pros.
Veja a conclusão da perícia:
A pessoa que a ala do Pros ligada a Eurípedes Júnior acusa de comandar a fraude é o interventor eleito pela ala dissidente: Marcos Vinícius Chaves de Holanda.
Já no meio da noite, a ala dissidente enviou uma nota negando a acusação e contra-atacando. “Combater a corrupção e punir aqueles que desviam dinheiro público são os preceitos da atual Executiva Nacional do Partido Republicano da Ordem Social (Pros). E por isso, vem a público esclarecer e reafirmar para a sociedade brasileira que a reunião do dia 11 de janeiro, que destituiu o ex-presidente Eurípedes Júnior, ocorreu de forma legal e de acordo com a legislação brasileira, pois cumprir a lei é primordial, para se fazer uma política séria e transparente”, registra o texto.
E prossegue, atribuindo aos rivais a mesma falcatrua da qual é acusada: “A ata protocolada está de acordo com o estatuto partidário, pois ações levianas e que afrontam a legislação não condizem com os membros da Executiva Provisória. Um perito para analisar a autenticidade de uma assinatura leva no mínimo 30 dias, há um trâmite a seguir. Já a ata apresentada pelo grupo da antiga direção nacional, possui inúmeras irregularidades, entre elas, assinaturas inválidas de pessoas que sequer são filiadas ao Pros”.
O texto é subscrito por “Executiva Nacional Provisória do Pros”.
Reintegração em espera
A ala ligada a Eurípedes tem conseguido vitórias na Justiça e conquistou, na última sexta-feira (31/01/2020), a reintegração de posse da sede nacional do partido, que fica em uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Como os atuais ocupantes do imóvel ainda não foram notificados, porém, ainda não começou a correr o prazo de 48 horas para a desocupação.
Em nota sobre essa decisão, a ala dissidente, que chama a si mesma de Executiva Nacional Provisória, afirmou que “Eurípedes Júnior inovou nos artifícios jurídicos e apresentou documentos e relatos falsos, o que induziu o juiz ao erro.”
Histórico
Os dissidentes aproveitaram uma sequência de acusações contra Eurípedes Júnior para tentar tomar-lhe o poder dentro do partido em ano de campanhas eleitorais municipais. Para eles, a permanência de Eurípedes Júnior ficou “insustentável” após inquérito da Polícia Civil de Goiás ser remetido à Justiça Federal, acusando-o de desvio dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, além de lavagem de dinheiro.
Em outro caso, ocorrido em 8 de janeiro deste ano e revelado pelo Metrópoles, Eurípedes é acusado de agredir fisicamente a própria filha na sede da sigla, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Ele foi indiciado pela polícia por lesão corporal.