“Propósito de poder de Moro já estava definido”, diz Bolsonaro
Presidente afirmou que ex-juiz recebeu “ministério de porteira fechada”, mas queria que pasta trabalhasse para ele
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a disparar críticas ao ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, a quem acusou de ter usado a pasta para propósito de poder pessoal.
“Dei um ministério para ele de porteira fechada. Mas para todos os ministros eu falei: eu tenho poder de veto. Se alguém lá dentro tiver uma vida, um passado complicado ou começar a criar problemas, eu vou lá e falo: ministro, esse cara tem que ser trocado. Ele não admitia que isso pudesse acontecer no ministério dele”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Nova FM, de Pernambuco.
“O que ele queria era um ministério para trabalhar para ele, para os seus propósitos. O propósito de poder dele já estava definido bem lá trás. E ele enganou enquanto pôde externar essa intenção dele em disputar a Presidência da República”, afirmou o chefe do Executivo federal.
Moro deixou o cargo em abril de 2020. Na ocasião, acusou Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal (PF). A denúncia resultou na abertura de um inquérito, no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar o caso, que segue em andamento.
A demissão do ex-ministro foi motivada pela exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF. Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF indicado pelo próprio ex-juiz. Quando o presidente pediu a troca no comando da corporação, o então ministro tentou reverter, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão. Saiu atirando contra Bolsonaro.
Desde então, Moro e Bolsonaro tornaram-se desafetos.
Indicação ao STF
Bolsonaro voltou a dizer que Moro condicionou aceitar troca na PF por vaga no STF. “De novo ele falou que – olha só, hein, que ousadia do cara – eu poderia trocar o diretor-geral o Polícia Federal desde que eu indicasse ele, Sergio Moro, para ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Realmente, é uma pessoa que não tem noção. Isso não é traição, isso é uma covardia que ele fez com uma pessoa que nos momentos difíceis que ele passou esteve com ele e deu um ministério de porteira fechada para ele poder combater a criminalidade.”
Bolsonaro ainda afirmou que a saída dele foi benéfica e, após a troca na pasta, quase dobrou a apreensão de drogas e armamento. “Muita coisa melhorou com a saída dele daqui de Brasília”, considerou.
Sobre sua candidatura à reeleição em 2022, Bolsonaro admitiu que é natural que dispute mais quatro mandatos, mas disse que ainda há muito o que se definir, como o vice da chapa.
“Eu devo vir candidato à reeleição, devo vir, isso é coisa natural. Quando você fala que vem, já aparece a figura do vice. Se você anuncia muito cedo, de tal partido, os outros ficam chateados contigo.”