Professor que chamou jornalistas de abutres foi alvo de processo
Emerson Teixeira, professor no DF, foi proibido de se manifestar politicamente em sala após exageros
atualizado
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Emerson Teixeira*, autointitulado nas redes sociais como “professor opressor”, foi penalizado em um processo disciplinar por autorizar um churrasco feito por alunos dentro da sala de aula e postar vídeos de menores, sem autorização dos responsáveis, na internet.
*Esta matéria foi atualizada para corrigir a informação, repassada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, de que Emerson Teixeira seria vice-diretor do Centro de Ensino Fundamental 504, em Samambaia. Ele não é. O nome da pessoa que exerce esse cargo é Emerson Fernandes Pacheco.
Ele é, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Distrito Federal, professor de matemática da Centro Educacional 4 (CED 04), do Guará.
Nessa terça-feira (31/3), após comparecer ao Palácio da Alvorada, onde esperava para ver o presidente Jair Bolsonaro, Teixeira ofendeu jornalistas, chamando os profissionais de imprensa de “abutres”, e teve o discurso amparado pelo presidente, que chegou a pedir para os repórteres ficarem quietos para ouvir o professor.
Youtuber
O educador, que mantém um canal no YouTube destinado a atacar o trabalho da imprensa, se envolveu em uma polêmica após a divulgação do resultado das eleições de 2018, que apontaram a vitória de Bolsonaro nas urnas. Vestindo uma camisa com o rosto do presidente estampado, Teixeira gravou um vídeo com alunos do Centro Educacional 4, no Guará, comemorando o resultado do pleito.
O docente foi alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), obrigado a não mais se manifestar politicamente em sala de aula e a não divulgar imagens de seus alunos nas redes sociais sem autorização, conforme informou a Secretaria de Educação do DF.
No processo, a secretaria descartou o envolvimento do professor na organização do churrasco e destacou que ele teria participado a convite dos estudantes.
Palácio da Alvorada
No vídeo divulgado por Teixeira em seu canal no YouTube, gravado nessa terça-feira, em frente à residência oficial, ele diz ser professor da rede pública e menciona o processo para Bolsonaro.
“Bolsonaro, deixa eu te contar porque eu fui processado no ano passado. Eu sou professor da rede pública. Quando o senhor ganhou a eleição, eu cheguei ‘na’ escola, foi uma festa danada, os alunos fizeram até churrasco. Saiu em todos os jornais, e depois eu fui processado por isso, porque eu sou servidor público, e os caras me processaram porque os alunos fizeram o churrasco e eu filmei, registrei tudo, a felicidade dos alunos”, disse a Bolsonaro. “Pula pra cá, rapaz”, ouviu como resposta do presidente.
Ele não mencionou que, ao publicar o vídeo de menores de idade sem a autorização dos pais, estava cometendo uma contravenção passível de processo – como ocorreu.
Endosso do presidente
Depois que o professor começou a ofender o trabalho da imprensa, dizendo que jornalistas eram “abutres”, alguns profissionais insistiram que o chefe do Executivo respondesse às perguntas direcionadas a ele, mas foram interrompidos por Teixeira e outros apoiadores.
Bolsonaro, então, pediu que ele continuasse falando e que os repórteres se calassem. “Não, fala aí, fala aí. Pode falar. É ele que vai falar, não ‘é’ vocês não”, gritou o presidente. E continuou: “Vai embora, vai abandonar o povo? Ó, a imprensa que não gosta do povo”, disse, após os jornalistas virarem as costas e deixarem o local.
No YouTube, o professor postou um vídeo intitulado como “Imprensa é inferno e jornalistas são demônios”.
“Vocês ficam todos jogando o presidente contra os ministros e os ministros contra o presidente, que coisa feia, ninguém aguenta isso mais. É o tempo todo jogando os ministros contra o presidente. Ontem eu fiz um vídeo no meu canal mostrando isso”, disse o docente.