Procuradoria-Geral da República vai pedir que Suíça investigue conta de Romário
Na gravação que levou à prisão o senador Delcídio Amaral, sugere-se que Romário fez um acordo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes
atualizado
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai pedir oficialmente ao Ministério Público da Suíça que abra investigações sobre uma suposta conta do senador Romário Faria (PSB-RJ) no país europeu. O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que o pedido de cooperação será enviado nos próximos dias para Berna.
A notícia de que Romário era dono de uma conta no banco BSI da Suíça foi noticiada pela revista Veja em julho deste ano. A publicação chegou a divulgar um extrato da conta com um saldo num valor equivalente a R$ 7,5 milhões. O senador contestou a reportagem. Dias depois, Romário viajou para Genebra e afirmou não ter encontrado a conta. O banco BSI confirmou que o senador não era correntista naquela data e abriu um processo no MP local por causa de um extrato supostamente falso. Para verificar se a conta estava ou não ativa, a reportagem de “O Estado de S. Paulo” depositou US$ 1,00 na conta, mas o dinheiro retornou. O banco não declarou se Romário havia sido um de seus clientes no passado. A revista Veja emitiu um comunicado admitindo o erro e pedindo desculpas ao senador.
O assunto, porém, ganhou um novo capítulo na semana passada. Na gravação que levou à prisão o banqueiro André Esteves, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo Dilma Rousseff, e o advogado Edson Ribeiro sugerem que Romário fez um acordo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que mantém boa relação com o banqueiro.
O caso é mencionado na conversa gravada no dia 4 de novembro deste ano pelo filho de Nestor Cerveró, Bernardo. “Ai tá, pra acabar de complicar ainda mais o jogo aparece o Eduardo Paes com o Pedro Paulo, é, com o Romário”, diz Delcídio. “Ué, fizeram acordo né?”, comenta Ribeiro. “Diz o Eduardo que fez”, afirma o senador do PT. “Tranquilo. Tinha conta realmente do Romário”, ressalta Ribeiro. Surpreso, o filho de Cerveró questiona: “Tinha essa conta?”. Na sequência, Delcídio conclui: “E em função disso fizeram acordo”. O BSI, citado na matéria da Veja, foi o banco que Esteves adquiriu na Suíça.
No fim da semana passada, Romário afirmou que pediria ao Ministério Público uma investigação para verificar se em algum momento ele foi titular de conta na Suíça – antes, o senador negava ter sido correntista de alguma instituição no país europeu.
Agora, a PGR quer saber dos suíços o que existe de fato como extratos dessa suposta conta. Berna, se aceitar o pedido, tem o poder de exigir que o BSI abra seus dados e explique em que época o senador teria mantido dinheiro depositado na Suíça.
No Brasil, Romário já indicou que ele é o “maior interessado” em que se esclareça o caso. Na sexta-feira (27/11), o senador protocolou um ofício na PGR para que o órgão peça a abertura de investigação na Suíça. “Quando eu jogava na Europa, tive conta no BSI. Só não sei o ano. Eu não me lembro, mas acredito que se a conta não é movimentada, ela é fechada automaticamente”, declarou Romário ao jornal O Globo.