Prisão de Michel Temer repercute na imprensa internacional
Artigo liberado pelo The New York Times contextualiza ação e eventuais consequências para o governo do presidente Jair Bolsonaro
atualizado
Compartilhar notícia
A prisão do ex-presidente do Brasil, Michel Temer repercutiu na imprensa nacional, em especial no Estados Unidos. O The New York Times publicou um artigo que relata como a prisão do ex-presidente Michel Temer ocorre no contexto das investigações da Operação Lava Jato e suas eventuais consequências para o governo do presidente Jair Bolsonaro.
“A prisão do senhor Temer não é uma surpresa. O político de 78 anos, que por décadas acumulou enorme influência no notável sistema de transações políticas” está sendo acusado por corrupção, destaca a reportagem de Ernesto Londoño e Letícia Casado. O artigo ressalta que ele é o segundo ex-presidente preso no âmbito da Operação Lava Jato e explica que ela ocorreu com a ordem de detenção por medida preventiva expedida por um juiz federal no Rio de Janeiro, pois “autoridades investigam um padrão de propinas e lavagem de dinheiro” que Temer teria supervisionado.
A reportagem aponta que a Lava Jato expôs vários esquemas de corrupção “institucionalizada” no relacionamento de algumas das maiores companhias brasileiras com o setor público, o que atingiu vários políticos, em um contexto de atuação “consideravelmente autônoma” do Poder Judiciário. As investigações levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão há cerca de um ano, quando liderava pesquisas de opinião para as eleições presidenciais, e cumpre sentença de 12 anos por corrupção e lavagem de dinheiro.
“Vários legisladores importantes, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, são alvo dos promotores da Lava Jato”, aponta o artigo. “O sogro do senhor Maia, Wellington Moreira Franco, estava entre os suspeitos detidos na quinta-feira junto com o senhor Temer.”
O artigo destaca que ao contrário do ex-presidente Lula, que é muito popular em um segmento da população que defende sua liberdade, no caso de Temer poucas pessoas saíram em sua defesa, sendo “a personificação” de alguém que lida com a política nos bastidores “no coração da endêmica cultura de malfeitos no Brasil.”
O jornal americano indica que algumas vozes em Brasília apontaram excessos da Justiça em ordenar a prisão preventiva de Temer. “Eu penso que é um abuso de autoridade que vemos ocorrer de tempos em tempos”, destacou o senador Tasso Jereissati ao The New York Times. “Ele não era um fugitivo. E pelo o que eu sei, seu endereço era conhecido.”
Primeiro final de semana preso
O ex-presidente está preso no terceiro andar do prédio da PF, em uma sala de 20 metros quadrados improvisada para recebê-lo. O espaço tem banheiro privativo, frigobar, janelas, ar-condicionado, sofá, televisão, uma cama e mesa de reunião.
Temer tomou café da manhã, por volta das 8h. Ele comeu um misto quente e tomou café com leite. Visitas não estão previstas para hoje. Um dos advogados do ex-presidente tentou entregar um livro para ele, mas não conseguiu.
Com informações da Agência Estado