Previdência: manutenção de “pedágio” fez policiais rejeitarem acordo
Categoria avaliou como insuficiente a redução da idade mínima de aposentadoria, e queria diminuir acréscimo de trabalho na transição
atualizado
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O acordo em torno das mudanças nas regras de aposentadoria dos polícias da União que chegou a ser costurado nesta quarta-feira (03/06/2019) por líderes partidários da Câmara e o relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), com a interferência do presidente Jair Bolsonaro, não chegou a ser firmado por ter desagradado a categoria. Coube ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciar à imprensa que a idade mínima de 55 anos continuaria no novo parecer, frustrando a ação de Bolsonaro para reduzir esse número a 53 (homens) e 52 (mulheres).
Integrantes da segurança pública pleiteavam, além da redução na idade mínima, alterações nas regras de transição de policiais federais – a categoria queria um “pedágio” de 17% sobre o tempo que restaria a trabalhar antes da reforma, como na regra prevista para os integrantes das Forças Armadas, mas a proposta seguiria com 100% de acréscimo.
Maia sustentou que não seria possível diminuir o pedágio dos policiais, ou seria necessário mexer no pedágio de todas as demais categorias.
A reação de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro admitiu, ao jornal O Estado de S.Paulo, que sugeriu mudanças para a aposentadoria de policiais que servem a União no texto da reforma da Previdência, em processo de apreciação na Câmara, mas disse que a proposta não foi acatada.
“Eu fiz uma excelente proposta, não aceitaram. Agora vai para o voto”, lamentou. Bolsonaro completou dizendo que “o problema é que ninguém quer perder nada” e voltou a afirmar que “todos têm que dar sua contribuição”.
O presidente fez o comentário durante coquetel da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, para celebrar o aniversário de 243 anos de independência americana. Depois, confrontado com a informação de que o acordo que contemplava os policiais foi derrubado, ele respondeu que “na Previdência todo mundo vai ter que contribuir”.
PSD resistiu
Apesar de a maioria dos partidos de Centro ter apoiado a mudança na idade mínima de 55 anos para 52 anos (mulheres) e 53 anos (homens), deputados do PSD se mostraram resistentes ao novo texto.
Um destaque do parlamentar Hugo Leal (PSD-RJ) ganhou força por atender a todas as demandas da categoria, reduzindo a idade mínima e diminuindo o “pedágio” de tempo a trabalhar. Por isso, sem a inclusão do PSD no entendimento e com a possibilidade de analisar a sugestão do deputado, o acordo não foi firmado.
Durante o dia, representantes da segurança pública protestaram no Anexo II da Camara dos Deputados para terem as demandas atendidas. Eles chegaram até a pressionar o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que chamaram de “traidor”, para articular as mudanças.