metropoles.com

Previdência: busca por acordos atrasa votação do novo texto

Lideranças da Câmara reclamam que há pontos no voto complementar da reforma que não foram discutidos com os partidos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
Comissão-especial-para-reforma-da-Previdência
1 de 1 Comissão-especial-para-reforma-da-Previdência - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A praticamente duas semanas do início do recesso parlamentar, ainda não há uma data para a votação do novo parecer da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. O relator do projeto, Samuel Moreira (PSDB-SP), leu nessa terça-feira (02/07/2019) o texto substitutivo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 06/2019. Entretanto, lideranças parlamentares reclamam que há pontos no voto complementar do tucano que não foram acordados com os partidos, sobretudo os do Centrão. Por isso, deixaram a sessão da noite dessa terça afirmando que não devem votar o relatório nesta semana.

Sem ter um entendimento acerca do texto, o presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PL-AM), não garantiu sessão nesta quarta-feira (03/07/2019) para dar início à análise da proposta. Ele vai se reunir às 11h com coordenadores de bancada da comissão para tentar chegar a um acordo também em torno dos destaques protocolados no colegiado.

Ao todo, há 109 sugestões de mudanças no texto – 24 de bancada e 85 individuais. Segundo o deputado, muitas delas foram baseadas no primeiro parecer do relator da proposta. Por isso, a assessoria da comissão teria que fazer “um redirecionamento” dos textos.

A tentativa de chegar a um entendimento com a maioria dos deputados ocorre desde a manhã dessa terça-feira (02/07/2019), quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reuniu com governadores e líderes partidários para decidir pela inclusão de estados e municípios na reforma.

Não houve, contudo, unanimidade para acrescentar no voto complementar servidores locais. Os chefes estaduais e o relator da PEC, contudo, não excluem a chance de os entes federativos serem incorporados na proposta no plenário da Câmara, como uma emenda aglutinativa.

No entanto, essa é a fase final de tramitação na Câmara. Antes disso, o texto precisa ser aprovado, por maioria simples, na Comissão Especial. Ou seja, o governo precisa de 25 votos dos 49 membros.

Em seguida, a matéria segue para análise geral dos 513 deputados. Por ser uma PEC, são necessários dois turnos de votação, com ao menos 308 votos em cada uma das etapas. O projeto seguiria então para o Senado, onde seria apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois seria votado pelos senadores.

Mudanças no texto
Além da exclusão dos funcionários públicos estaduais e municipais no novo texto, o relator abrandou as regras de aposentadoria das professoras da rede pública, que agora têm direito a integralidade e paridade aos 57 anos.

Outras mudanças no texto são: a volta com a possibilidade de cobrança de contribuições extraordinárias dos servidores públicos estaduais; o pagamento de pensão integral a policiais mortos em qualquer ocorrência relacionada ao trabalho, como acidentes de trânsito e doenças ocupacionais; e a liberdade das unidades federativas para aprovar idades mínimas e tempos de contribuição menores para a aposentadoria de policiais e agentes penitenciários.

A medida aumentou a lista de categorias de servidores públicos que poderão ter regras diferenciadas de aposentadoria. Na primeira versão do relatório, apenas professores e servidores com deficiência poderiam aposentar-se antes do tempo. O voto complementar estendeu a prerrogativa a policiais, agentes penitenciários e socioeducativos e servidores expostos a agentes nocivos físicos, químicos e biológicos.

Moreira constitucionalizou ainda um critério de renda familiar per capita para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e deficientes de baixa renda, de um quarto de salário mínimo (R$ 249,50), para conseguir R$ 33 bilhões aos cofres públicos em uma década e pediu a reoneração de contribuição previdenciária nas exportações, que geraria, em 10 anos, um ganho de aproximadamente R$ 80 bilhões.

Portanto, estima-se que a economia final seria de R$ 1,071 trilhão. O valor agradou a integrantes do Executivo federal, inclusive a líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann (PSL-SP), que comemorou a manutenção da espinha dorsal do texto e agradeceu o trabalho do relator em um discurso na Comissão Especial. Os agradecimentos a Moreira foram feitos tanto por deputados da oposição quanto da base governista.

Críticas ao parecer
O tucano demorou cerca de 30 minutos para ler o voto complementar, que tem apenas seis páginas. Oposicionistas prometiam obstruir o início da sessão. Entretanto, os requerimentos de retirada e de inversão de pauta foram negados por 32 votos.

Após a apresentação do texto substitutivo, lideranças discursaram e tiraram dúvidas com Moreira.

Membros contrários à reforma reclamaram do tempo de contribuição dos homens, que se manteve em 20 anos — queriam a redução para 15 anos, assim como as mulheres. Além disso, pediram pela redução da idade mínima de aposentadoria das professoras para 55 anos, entre outras questões. O grupo pretende conversar com o relator na reunião desta quarta-feira (03/07/2019) para tentar pleitear alterações no voto complementar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?