Previdência: Bolsonaro e Maia partem para corpo a corpo com prefeitos
Os presidentes da República e do Senado participam de evento que reúne representantes do Executivo municipal em Brasília
atualizado
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Os presidentes da República, Jair Bolsonaro (PSL), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), partiram para o corpo a corpo com prefeitos com o objetivo de conseguir apoio para a aprovação da reforma da Previdência. A intenção é que os eleitos influenciem parlamentares para passar as mudanças na aposentadoria no Congresso.
Bolsonaro explicou que não há alternativa para o ajuste das contas públicas se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não for aprovada. “Gostaríamos de fazer a reforma da Previdência? Nós somos obrigados a fazer. Não podemos esperar”, destacou.
Para o presidente, o país precisa usar melhor os recursos naturais para aumentar a geração de fundos e empregos. Ele comparou a economia brasileira à de países como Japão, Israel e Coreia do Sul, os quais avaliou como menos favorecidos de “riquezas naturais”. “O Brasil tem que investir em ciência e tecnologia”, ponderou.
A “campanha” ocorreu na manhã desta terça-feira (9/4) durante a Marcha dos Prefeitos, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). Participam também do evento ministros e governadores.
Por fim, Bolsonaro disse que a maior parte dos prefeitos é “patriota e temente a Deus”. O chefe do Executivo nacional sinalizou a liberação de recursos para os municípios, uma forma de convencer os prefeitos a apoiarem a reforma. “Conversei com Paulo Guedes (ministro da Economia) é será possível (a liberação de emendas)”, adiantou.
Apoio na Câmara
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ser importante aprovar a reforma da Previdência para aumentar a possibilidade de envio de recursos aos municípios.
“Hoje, o governo federal tem muito pouco recurso para seus próprios investimentos e para os dos municípios. Precisamos enfrentar esse cenário. A reforma é para concretizar o que foi construído ao longo dos últimos anos. Eu peço o apoio. A reforma é para que possamos tirar o Brasil da recessão. Precisamos enfrentar em conjunto”, destacou o democrata.
Maia chamou os chefes do Executivo municipal para encorpar a campanha pela aprovação da reforma. “Precisamos do apoio de cada um de vocês (prefeitos), para que possamos avançar o mais rápido possível. Os prefeitos conseguem influenciar muitos parlamentares”, concluiu.
Medidas para mais recursos
O presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), reconheceu a situação financeira delicada enfrentada pelos municípios. Ele encorpou o coro pela reforma da Previdência e defendeu propostas para engordar o orçamento, como a liberação de emendas.
O senador disse que é preciso aproveitar a nova formação do Congresso para votar as mudanças nas regras de aposentadoria. “Temos testemunhado uma vergonhosa mendicância em Brasília de prefeitos em busca de recursos com parlamentares e ministros. Isso tem que acabar”, lamentou.
Crise nos municípios
O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi, pediu mais apoio do governo federal. Ele ressaltou as dificuldades financeiras das cidades e a necessidade de mudanças — ao se referir à agenda de reformas.
“Se não mudarmos agora, talvez não teremos condições de pagar essa conta ou talvez nossos filhos e netos não terão como”, discursou em apoio da reforma da Previdência. O relatório do texto será lido nesta terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Aroldi citou dificuldades nas áreas de educação, saneamento básico, saúde, entre outros temas, e defendeu o incremento nos recursos do fundo de participação municipal, fonte de verba federal para financiar investimentos em obras e em serviços públicos. “Isso é colocar dinheiro onde as pessoas estão”, encerrou.
A organização do evento enfrentou dificuldades. Não havia espaço para todos prefeitos, primeiras-damas e convidados. Ainda na abertura do encontro, após a execução do Hino Nacional, muitos participantes ainda estavam nas filas para entrada. Eles gritavam: “Queremos entrar”.