Previdência: ADPJ rebate Bolsonaro sobre policiais fazerem sacrifício
Presidente da Associação de Delegados de Polícia Judiciária diz que a categoria busca apenas isonomia com as forças de segurança pública
atualizado
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O presidente da Associação de Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ), Rafael Sampaio, reagiu, nesta terça-feira (02/07/2019), a uma declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL), de que “todos têm que fazer sua cota de sacrifícios” na reforma da Previdência, numa referência à categoria dos policiais.
Em nota, Sampaio ressaltou que policiais civis buscam apenas isonomia entre as forças de segurança pública. “Nós estamos dispostos a fazer o mesmo sacrifício que as Forças Armadas. Afinal, a guerra que o país enfrenta é na segurança pública”, afirmou.
Questionado nesta terça sobre as demandas das categorias policiais na reforma da Previdência, Bolsonaro afirmou que tem estudado a possibilidade de inclusão de uma aposentadoria diferenciada para a classe.
“Está sendo negociado. Liguei para o [delegado Maurício] Valeixo agora, que é o dirigente da Polícia Federal, estamos tratando do assunto”, disse.
Porém, o presidente pregou que os policiais devem fazer sacrifícios, já que, na sua avaliação, as Forças Armadas também sofrerão com os reajustes no texto. “Todo mundo vai ter sacrifícios, nós das Forças Armadas também estamos tendo. Estamos tendo desde 2000. A única reforma da Previdência que não ocorreu em 2000 foi a nossa”, continuou.
Polícia envelhecida
Rafael Sampaio, por sua vez, ressaltou que há uma distorção em relação aos pontos da reforma da Previdência que não igualam aposentadoria de policiais. “Segundo o BID, o custo anual da violência no Brasil é de 258 bilhões por ano. E o governo, eleito com o discurso de investimento em segurança pública, está praticamente acabando com a aposentadoria policial para economizar 2 bilhões em 10 anos”, ele colocou.
“Essa aposentadoria que está sendo ofertada vai inviabilizar a renovação das forças, vai significar uma polícia envelhecida, sem capacidade operacional a um custo de menos de 0,01% da despesa que a violência dá para o país. Nem mesmo economicamente se justifica essa alteração”, encerrou.