Prevent Senior: CPI ouve presidente da ANS, ex-chefe de gabinete de Barros
Paulo Roberto Rebello Filho será confrontado sobre suposta omissão da agência diante das denúncias de irregularidades na operadora de saúde
atualizado
Compartilhar notícia
A CPI da Covid-19 ouve, nesta quarta-feira (6/10), o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello Filho, para questioná-lo sobre suposta omissão da entidade frente às denúncias que envolvem a Prevent Senior.
A convocação de Rebello também visa levantar informações sobre a atuação dele enquanto chefe de gabinete do Ministério da Saúde – cargo que ocupou entre 2016 e 2018, sob o comando do então ministro Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara dos Deputados.
O requerimento de convocação é de autoria do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O senador alega que a necessidade do depoimento decorre do dossiê elaborado por ex-médicos da Prevent Senior e obtido pela comissão com “evidências de inúmeras e gravíssimas irregularidades cometidas pela operadora de plano de saúde”.
Em depoimento ao colegiado, a advogada Bruna Morato, representante legal dos profissionais de saúde, narrou que a empresa teria promovido tratamentos experimentais nos pacientes da Covid-19 sem a devida autorização de familiares, além de ter estimulado o uso de medicamentos ineficazes contra a doença.
Há, ainda, denúncias de que funcionários seriam coagidos a recomendar os medicamentos comprovadamente ineficazes e desestimulados a fazer o uso de equipamentos de proteção individuais (EPIs) para não “criar pânico” em quem procurasse atendimento entre os hospitais da rede.
A oitiva com a advogada não satisfez parte dos senadores, que cobraram a presença dos próprios denunciantes na CPI. Por esse motivo, o colegiado aprovou também um requerimento de convocação dos supostos autores do dossiê que relata as irregularidades.
A expectativa é que a oitiva do casal de ex-médicos da Prevent Senior ocorra já nesta quinta (7/10). Seriam os últimos depoimentos de toda a comissão parlamentar, que caminha para encerrar os trabalhos na semana de 19 de outubro, com a entrega e votação do relatório elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
“ANS foi omissa”
Em entrevista ao Metrópoles, a primeira diretora de fiscalização da ANS, a advogada Maria Stella Gregori, avalia que a atual diretoria da agência foi omissa em relação às denúncias que se acumulavam contra a Prevent Senior desde o ano passado.
“A ANS tinha instrumentos para observar o que estava acontecendo na Prevent Senior desde o ano passado. Tem de entender por que ela não fez isso”, ressalta.
A agência reguladora só fez a primeira apuração na sede da Prevent Senior, em São Paulo, no último dia 17 de setembro. “Pelo que a gente sabe, a ANS começou a tomar providências só depois que a CPI da Pandemia e a imprensa começaram a pressioná-la”, criticou a ex-diretora.
Além de ser atualmente alvo de apuração da ANS, que tenta interrogar médicos e pacientes sobre as práticas da Prevent Senior, a operadora é investigada criminalmente pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do estado de São Paulo. A CPI da Pandemia também analisa as práticas da operadora.
A Câmara Municipal de São Paulo instalou uma CPI para investigar a operadora, e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) vota nesta quarta-feira (6/10) pedido de urgência para que seja instalada também uma comissão na casa.