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Pressão por compra da Covaxin veio do Planalto, diz revista

Casa Civil da Presidência da República teria sido o ponto de origem do suposto favorecimento por parte do governo à Precisa Medicamentos

atualizado

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Braga Netto e Jair Bolsonaro
1 de 1 Braga Netto e Jair Bolsonaro - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Dois informantes disseram à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 que as ordens para privilegiar a Covaxin em detrimento de outros imunizantes envolveram o então ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa, e seu sucessor no posto, general Luiz Eduardo Ramos.

A convocação dos dois ministros foi cogitada em uma reunião informal entre integrantes da cúpula da CPI, mas a iniciativa foi rechaçada. As informações são da revista Veja.

Na quarta-feira (7/7), o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), fez críticas a um grupo de militares acusados de envolvimento em corrupção nas negociações de vacinas.

“Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia. Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”, disse Aziz.

Em rápida reação, Braga Netto, em conjunto com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, divulgou uma nota atacando o presidente da CPI. Na manifestação, eles dizem que “não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

Envolvimento de militares

De acordo com a revista, os dois informantes abasteceram a CPI com dados sobre as transações do empresário Francisco Emerson Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, e encaminharam detalhes da reunião sobre a cláusula do seguro que permitiria a venda de vacinas pela Pfizer e pela Janssen. Eles também apontaram que personagens do Palácio do Planalto teriam atuado diretamente no caso.

Um dos informantes da comissão contou que, na gestão do general Eduardo Pazuello na Saúde, questões estratégicas sobre vacinas eram debatidas diretamente entre Braga Netto e o grupo do então secretário-executivo da pasta, Elcio Franco. Segundo ele, as ordens eram repassadas como na hierarquia militar, do general para o coronel da reserva sem questionamentos. O processo teria continuado sem percalços quando Ramos substituiu Braga Netto na Casa Civil.

Apesar de não falar expressamente que tenha havido corrupção dos militares no caso da Covaxin, o informante insinua que apadrinhados de políticos tinham carta branca na pasta. Um deles seria Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, que prestou depoimento na quarta-feira (7/7) à CPI e recebeu ordem de prisão do presidente da comissão por supostamente mentir ao contar sua versão sobre a acusação de que cobrou propina de um atravessador que dizia negociar em nome da AstraZeneca.

Ferreira Dias atribuiu a Elcio Franco a coordenação de todo o processo de compra de vacinas, inclusive da Covaxin.

No total, os cinco informantes já forneceram documentos, cópias de contratos sigilosos e fotografias de personagens implicados em compras suspeitas de vacinas para a Covid. Três deles, funcionários terceirizados do Ministério da Saúde, temem ter a identidade exposta e sofrer represálias.

Um quarto informante, funcionário de carreira, ainda não concordou em prestar informações publicamente, como fez Luis Ricardo Miranda, o servidor responsável pelo setor de importações do Ministério da Saúde que disse ter sido alvo de pressões indevidas para favorecer a compra da Covaxin.

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