metropoles.com

Pressão de Doria por saída de Aécio acirra racha sobre futuro do PSDB

Desta vez, o partido enfrenta divisão que envolve a realização de uma convenção nacional e a mudança da configuração de sua Executiva

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Gabriela Bilo/Estadão
joão doria
1 de 1 joão doria - Foto: Gabriela Bilo/Estadão

A pressão desencadeada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pela saída definitiva e imediata do senador Aécio Neves (MG) da presidência do partido deles agravou ainda mais a crise na legenda. A sigla já estava dividida entre permanecer ou deixar o governo Michel Temer (PMDB). Agora, os tucanos enfrentam outro racha, desta vez envolvendo a realização de uma convenção nacional do partido e a mudança da configuração de sua Executiva.

Parte da cúpula partidária avalia que Doria se excedeu ao defender publicamente, no sábado (15/7), durante um evento na capital, a saída de Aécio “desde já” da presidência do PSDB. O prefeito também pediu mudanças na Executiva da legenda para acomodar um representante dos prefeitos eleitos em 2016 e indicou para a vaga o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando.

Até aliados de Aécio reconhecem que o senador deve renunciar à presidência da legenda, mas esperam uma “saída honrosa”. Por isso, dizem acreditar que as declarações do prefeito dificultam o diálogo interno.

“João Doria é um prefeito desfocado. A cidade está piorando, os buracos aumentando, os faróis estão quebrados, o capim aumentando e ele desconhece isso. Fica brigando com o Lula e nomeando gente na Executiva. Esse cara está delirando. Precisa focar na Prefeitura e mostrar resultado. Tem gente tão ou mais competente do que ele pensando no Brasil”, criticou o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela.

Aníbal é um dos mais próximos interlocutores de Aécio na cúpula tucana. O senador mineiro se licenciou da presidência do PSDB após a divulgação de um áudio no qual foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, para pagar custos de sua defesa na Operação Lava Jato.

O conteúdo da gravação está nas delações do Grupo J&F, que controla a JBS. O senador também foi afastado, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, das funções parlamentares, retomadas após decisão do ministro Marco Aurélio Mello. Aécio manteve, entretanto, o cargo de “presidente licenciado”.

A resposta do prefeito a Aníbal veio por meio do secretário adjunto das Prefeituras Regionais, Fábio Lepique. “Nunca convivi com alguém tão focado na cidade como o João. Mas, como líder político que é, sei que pensa um partido acima de interesses menores ou pessoais. Para ele, o Brasil está acima das boquinhas, sejam de governo, sejam de partido”, afirmou.

Configuração
Idealizada pelo deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB e aliado do governador Geraldo Alckmin, a proposta de mudar a estrutura da Executiva em uma convenção nacional, marcada para agosto, tem o apoio de parte dos prefeitos tucanos, entre eles Nelson Marchezan, de Porto Alegre, e Morando.

O senador tucano e presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), que simpatiza com a tese, tentou duas vezes convocar a Executiva do PSDB em Brasília para formatar a convenção, mas esbarrou na relutância de parte da legenda.

O grupo de Aécio resiste à ideia de uma mudança total do comando partidário, que viria acompanhada de uma “autocrítica” e “atualização do programa” da legenda. O meio-termo encontrado foi a realização, em agosto, de uma reunião ampliada com todos os integrantes do Diretório Nacional do PSDB. Nesse encontro, Tasso seria efetivado presidente do partido, e Aécio se afastaria.

Em seguida, o partido começaria um processo de convenções municipais e estaduais que elegeriam os delegados da reunião nacional. Só então, provavelmente entre outubro e novembro, é que haveria mudanças mais amplas no partido. “Não é o momento agora de se discutir espaços para cargos. Isso só vai acontecer após a posse do novo presidente do partido”, disse Torres.

O pano de fundo da disputa interna na legenda é a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República em 2018. A atual Executiva do partido foi composta por Aécio em maio de 2013, quando ele foi eleito presidente do PSDB e já era pré-candidato ao Palácio do Planalto para a disputa de 2014.

Mesmo após a derrota para Dilma Rousseff (PT) no ano seguinte, o senador mineiro continuou comandando a máquina partidária. Em dezembro de 2016, renovou o próprio mandato e de toda a Executiva até maio de 2018, o que irritou aliados de Alckmin. Procurado por meio de sua assessoria, Aécio não quis se manifestar.

O acirramento da disputa interna ocorre no momento em que a maioria dos deputados tucanos e o próprio Jereissati pressionam a sigla a entregar os cargos no governo Temer. “O PSDB está se suicidando, como o antigo PFL. Está entregando o futuro do país nas mãos da Procuradoria-Geral da República”, avaliou o professor da USP José Augusto Guilhon-Albuquerque.

Já o cientista político Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria, disse que a saída seria inócua. “Sair neste momento não significa para o PSDB o descolamento da imagem de Temer. A associação com o governo já está consumada.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?