Presidente do FNDE é exonerado em mais uma baixa na Educação
Exonerações nos principais cargos do MEC são indicações de enfraquecimento de Abraham Weintraub
atualizado
Compartilhar notícia
Rodrigo Sergio Dias foi exonerado da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) nesta segunda-feira (23/12/2019). O órgão é um dos principais braços do Ministério da Educação (MEC), com um dos maiores orçamentos da pasta, cerca de R$ 58 bilhões. É responsável por garantir a transferência de recursos para programas que vão desde a merenda ao Financiamento Estudantil (Fies). São informações do Estadão.
Nos últimos dias, o ministério sofreu um esvaziamento, com nomes importantes deixando os cargos que ocupavam. Segundo fontes, essa é uma indicação de que o próprio ministro Abraham Weintraub, que está de férias, deve deixar o cargo no próximo ano.
A exoneração de Dias foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial na noite desta segunda. Para o cargo, foi nomeada a servidora Karine Silva dos Santos. Em nota, o MEC disse que a “escolha do nome se deu pelo perfil técnico”. Karine trabalha no FNDE desde 2009 e já atuou em diversos cargos de chefia do órgão.
Indicação de Maia
O Estadão apurou que a demissão cria novos atritos a Weintraub, já que Dias tem forte ligação e foi uma indicação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Nomeado em agosto para o cargo, o advogado, que fez parte do governo Michel Temer, nunca agradou o ministro por ter muito trânsito político. Ele assumiu o cargo em meio à votação da reforma da Previdência no Congresso.
Também deixam os cargos Guilherme Arthur Botelho Victorio Cerioni (chefe de gabinete) e Gilvan Silva Batista (diretor Financeiro).
Segundo fontes, Weintraub é malvisto tanto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto pelo secretário-geral da Presidência, Jorge Antonio de Oliveira Francisco, que avaliam que suas polêmicas são desnecessárias e prejudicam o governo.
Na Economia, reclama-se ainda do fato de ele pensar em projetos e sequer comunicar à área econômica, como o Future-se, que previa criação de fundos. O ministro também não tem apoio no Congresso, onde foi convocado a explicar declarações polêmicas e acusações sem provas.
Terceira no cargo
Karine é a terceira a ocupar a presidência do FNDE somente neste ano, sendo que a chefia do órgão ficou sem ninguém no comando por mais de 45 dias no início do ano – o que levou ao atraso de pagamentos para faculdades privadas.
Antes de Dias, o fundo foi presidido por Carlos Alberto Decotelli, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e indicado ao cargo pela ala militar do governo Jair Bolsonaro. Karine era muito próxima de Decotelli e se aproximou muito nos últimos meses da secretária-executiva adjunta do MEC, Maria Fernanda Bittencourt, pessoa de confiança de Weintraub.
Os principais órgãos do MEC tiveram diversas mudanças de chefia neste ano, como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes).