Presidente da Petrobras é resiliente e aguenta pressão, diz Mourão
General Silva e Luna, que está no comando da estatal petroleira, tem sido impelido a conter aumentos nos preços dos combustíveis
atualizado
Compartilhar notícia
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta segunda-feira (14/3) que o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, é “resiliente” e “aguenta pressão”. Silva e Luna está no comando da estatal petroleira desde abril de 2021, após o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentar divergências com o então presidente, o economista Roberto Castello Branco.
Nos últimos dias, Silva e Luna vem sendo pressionado a conter os aumentos nos preços dos combustíveis, situação que afeta a popularidade de Bolsonaro em pleno ano eleitoral. No fim da semana passada, a Petrobras anunciou novos reajustes: a gasolina teve aumento de 18,8%, e o diesel, de 24,9%.
Os aumentos ocorrem em meio à disparada dos preços do petróleo no mercado internacional, puxados pela guerra na Ucrânia.
“O Silva e Luna é resiliente, sempre foi. Como bom nordestino, ele aguenta pressão”, disse Mourão a jornalistas, ao ser questionado se o general poderia pedir demissão.
Silva e Luna tem 72 anos, é pernambucano, foi ministro da Defesa e atuou como diretor-geral da Itaipu Binacional. Ele é o primeiro militar a assumir a Petrobras desde 1989.
Críticas à gestão da Petrobras levaram o presidente Bolsonaro a trocar o ex-presidente, que foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda em 2018. A indicação de um general do Exército sem experiência na área acabou vista como um sinal negativo por agentes do mercado financeiro, que viram ameaça de intervenção do chefe do Executivo federal.
Bolsonaro x Petrobras
O presidente da República vem lamentando o reajuste aplicado pela Petrobras. No sábado (12/3), o mandatário declarou que a empresa não tem sensibilidade com os brasileiros.
“Resumindo, ontem [11/3] a Petrobras aumentou em R$ 0,90. Lamento, podia ficar mais um dia. A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população, é Petrobras Futebol Clube e o resto que se exploda”, disparou Bolsonaro, durante passeio em Luziânia, em Goiás.
Também no sábado, a Petrobras afirmou que o reajuste de até 24,9% nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha vendidos às distribuidoras foi necessário para mitigar “riscos de desabastecimento”.
A estatal alegou que o lucro da empresa registrado no ano passado, de R$ 106,6 bilhões, “pode parecer muito alto, mas não é”. Trata-se do segundo maior lucro da história entre empresas de capital aberto no país, atrás apenas da Vale, que computou, também em 2021, lucro de R$ 121 bilhões.
Governo busca soluções
O governo vem buscando medidas para atenuar os reajustes nos combustíveis. Na sexta-feira (11/3), Bolsonaro sancionou alteração do cálculo do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre combustíveis. No entanto, governadores alegam que a mudança não vai frear as elevações.
Governadores vão ao STF contra mudança no ICMS dos combustíveis
O governo estuda ainda outras medidas com o Congresso Nacional. Alguns segmentos, em especial da esquerda, defendem um tabelamento nos preços, mas o governo é reticente à ideia. Mourão criticou uma possível intervenção no preço dos combustíveis no país para conter a alta.
“Intervenção no preço é algo que a gente sabe como começa, e o término sempre dá uma bagunça”, considerou o vice-presidente, ao alegar que os preços devem voltar aos patamares anteriores assim que a guerra na Ucrânia chegar ao fim, o que ainda não tem indicação de ocorrer.
“O governo está buscando soluções junto com o Congresso, seja aí mudança no cálculo do ICMS, a questão de fundo para estabilização, a redução do Pis/Cofins a zero. Então, são as soluções que estão sendo buscadas em momento difícil do mundo, em que, uma vez solucionada a situação do conflito vivida lá entre a Rússia e a Ucrânia, a tendência é que os preços voltem aos níveis anteriores”, assinalou Mourão.