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Presidente da Apex diz que ministro deu golpe ao retirar seus poderes

Mário Vilalva criticou mudança no estatuto feita por Ernesto Araújo sem o conhecimento da presidência da agência

atualizado

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Ernesto Araújo – ministro das relações exteriores
1 de 1 Ernesto Araújo – ministro das relações exteriores - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Mário Vilalva, classificou como “golpe” a mudança no estatuto da agência feita pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (foto de destaque).

A afirmação de Vilalva é mais um capítulo da briga interna dentro da agência revelada na quarta-feira (3/4). De um lado está o presidente, que seria aliado dos militares, e do outro a diretora de Negócios Letícia Catelani e o diretor de Gestão Márcio Coimbra, os dois indicados por Araújo.

A mudança no estatuto foi descoberta nesta segunda-feira (8), por Vilalva, segundo ele, após uma denúncia anônima. Registrado em cartório, o documento produzido por Araújo retira poderes do presidente da agência e empodera seus dois apadrinhados.

“Realmente não compreendo, esse tipo de postura por parte do ministro (Ernesto Araújo), esse tipo de atitude que eu considero mais um golpe, de fazer na calada da noite uma modificação profunda no estatuto para me tirar poderes e dar esse poder para pessoas que não estão preparadas”, disse.

Segundo ele, Araújo chegou a oferecer-lhe “postos maravilhosos no exterior” para que ele deixasse o cargo. “Eu não estou à venda, não estou aqui para amanhã ser comprado”, disse.

A crise começou após Vilalva baixar uma portaria em que retirou dos dois diretores o poder de nomear e demitir funcionários. Como mostrou a reportagem, a portaria seria uma retaliação ao fato de Catelani e Coimbra terem se negado a assinar um contrato da agência com uma empresa citada na Lava Jato. Vilalva nega essa versão. Segundo ele, a portaria foi feita após ele “perceber que havia um certo relaxamento em relação a contratação de pessoas”.

Questionado se a portaria não tinha por objetivo atingir e enfraquecer o ministro Ernesto Araújo, Vilalva negou e classificou a tese como tolice. “Fosse dessa forma, todos aqueles que passaram por aqui estariam indo contra os seus ministros? Isso é uma grande tolice. Não quis atingir o ministro, desde que aqui cheguei eu nunca ataquei ninguém. Sempre levei cacete e procurei me defender”, afirmou

Sobre os dois diretores, Vilalva, que é diplomata de carreira, afirmou que “são pessoas que nunca trabalharam no executivo e com a gestão da coisa pública” e que têm “uma obsessão pelo poder.”

A solução para a disputa está na mesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que recebeu pedidos dos dois lados para que a situação seja resolvida. Questionado se levou o caso ao presidente Bolsonaro, Vilalva disse ter informado ao ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretária de Governo, que estava “surpreso” com a situação, mas não soube dizer se o caso foi levado ao presidente.

Diretores da Apex têm apoio Eduardo Bolsonaro
Letícia e Coimbra, os dois rivais de Vilalva, têm também o apoio do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A diretora foi secretária-geral do PSL em São Paulo e era uma grande apoiadora na campanha de Bolsonaro à presidência. Já Coimbra se aproximou do deputado depois de ajudar a abrir portas para o filho de Bolsonaro nos Estados Unidos – o diretor trabalhou no Partido Republicano e era do hoje presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

A disputa de poder paralisou atividades da agência – como se trata de uma diretoria colegiada, muitas ações dependem do voto dos três diretores. Como mostrou o Estado na semana passada, a briga deve comprometer a participação do Brasil no Festival de Cannes de Publicidade, a ser realizado em junho. Até agora, não há nem mesmo definição sobre se a agência vai ao evento, o mais importante na área de publicidade e propaganda no mundo.

A reportagem procurou os diretores Letícia Catelani e Márcio Coimbra, mas eles não quiseram se manifestar. O Ministério das Relações Exteriores não retornou os contatos da reportagem até o fechamento desta edição.

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